segunda-feira, 20 de março de 2006

Falcão: a palavra final é dos ongólogos

Se a idéia é chocar, tudo bem, está resolvido, não tenho nada contra, mas o documentário sobre os meninos atraídos pelo tráfico nas favelas brasileiras exibido pelo Fantástico soou apenas assim - chocante e pronto, não se fala mais nisso.

Ou pior: fala-se mais nisso, sim, mas as vozes são as mesmas de sempre: sociológos, cientistas políticos e ongólogos que, diante de um monitor, repetem o óbvio e nada acrescentam à discussão. Algumas "análises" são tão chocantes quanto as imagens e as sonoras dos meninos:

— É triste!

— O que falta é espaço de inclusão.

— Temos que fazer deste momento o marco zero de uma mobilização nacional.

6 comentários:

Marcus Cavalcante disse...

Marona
Discordo da sua primeira afiramção: "chocante e pronto não se fala mais nisso". Acho o contrário. O documentário é um ponto de partida. Cabe a todos nós continuar as discussões e as cobranças.

Anônimo disse...

Concordo com o Marcus e discordo de vc tb Marona.

Só quem vê isso de perto de se dói pela impotência é que pode falar qq coisa.

Mario Marona disse...

Nós, quem, cara pálida? O picareta do Viva Rio? O Fantástico? O sociólogo que caga regra e nunca viu um pobre de perto? Ou será que os moradores das favelas passarão a ter voz e poder de decisão?

CFagundes disse...

Não é o primeiro doc do tipo. Antes deste, João Salles, Coutinho, Padilha e vários outros fizeram docs "chocantes".
Até mesmo o picareta do Fernando Meireles já fez.
Não fiquei chocado com esse Falcão. Apenas mais uma redundância, de dentro pra fora.
A unica coisa boa desse doc é que com o picadeiro que a Globo levantou em torno, a CUF vai se articulando.

Anônimo disse...

A resposta do Nós quem é: aquela pequenha parcela da sociedade que assisti isso de perto, diariamente, mas que não tem o poder de fazer nada. Que simplemente não consegue agir, seja por impotência ou por falta de recursos (espaço). Parece demagogia, mas só quem já perdeu um parente ou um amigo sabe o que é isso.

Anônimo disse...

Bem, quem fez o vídeo: MV Bill, notável amigo/protetor de bandidos e um bandido em si mesmo, já que faz apologia (basta ver suas letras). Usar crianças foi uma idéia genial para cooptar os menos avisados: bandido é vítima. Não esqueçamos que o vídeo não tem apenas crianças. Não esqueçamos a responsabilidade individual. Os governos têm que fazer alguma coisa? Sem dúvida. Já. Ontem. A culpa é toda dos governos? Não acho, não. A coisa já vem assim há muito tempo. As crianças têm culpa? Não, são vítimas do abandono familiar. Vítimas dos viciados do asfalto e do morro que financiam o status quo para satisfazer seus prazeres e frustrações. Os pais das crianças, também, precisam ser responsabilizados. Ou são também coitadinhos? O Brasil só vai ser uma nação de verdade quando as pessoas assumirem a sua responsabilidade. Maconheiros, cocaínomanos, pais ausentes, irresponsáveis, governos, sim, omissos, polícia corrupta até a alma. Agora cada lado coloca a culpa no outro. Pro maconheiro a culpa do governo, pros pais é a pobreza, pra polícia é dos usuários. E, por favor, não ponham a culpa na pobreza. Ela tem menos a ver com isso do que querem aprendizes de Tupak Shakur.

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