segunda-feira, 6 de março de 2006

A hierarquia, segundo Churchill

Estou lendo "Memórias da Segunda Guerra Mundial", compilação em dois volumes do calhamaço escrito por Winston Churchill. Para quem gosta de história, como eu, é de tirar o fôlego; para quem gosta de Churchill, como eu, é uma boa maneira de consolidar esta opinião.

Recolho do primeiro volume um trecho muito curioso em que Winston - é assim que os ingleses se referem a ele até hoje - nomeado primeiro-ministro no momento em que a guerra começava a se alastrar pela Europa e encarregado de montar um Gabinete de coalizão, se esforçava por estabelecer com clareza uma hierarquia eficiente e enxuta no governo e nas decisões sobre a guerra.

"O poder, como meio de exercer um domínio absoluto sobre os semelhantes ou de aumentar a pompa pessoal, é justificadamente considerado torpe. Mas o poder numa crise nacional, quando um homem acredita saber que ordens devem ser dadas, é uma benção. Em qualquer esfera de ação, não há comparação entre as posições do número um e dos números dois, três ou quatro.(...)

"É sempre uma infelicidade quando o número dois ou o número três tem que tomar a iniciativa de um plano ou de uma medida de peso. Ele tem que considerar não apenas os méritos da medida, mas também a cabeça do chefe; não apenas o que deve recomendar, mas também o que lhe é próprio recomendar em sua posição; e não apenas o que fazer, mas também o modo de obter anuência para isso e o modo de conseguir que seja feito. Além disso, o número dois ou três tem de se haver com os números quatro, cinco e seis, ou, talvez, com algum brilhante sujeito de fora, o número 20. A ambição, não tanto de objetivos reles, mas de fama, cintila em todas as mentes. Há sempre vários pontos de vista que podem estar certos e muitos que são plausíveis.(...)

"No topo, há grandes simplificações. Um líder consagrado só precisa ter certeza daquilo que é melhor fazer, ou, pelo menos, decidir por uma das possibilidades. São imensas as lealdades centradas no número um. Quando ele tropeça, tem que ser escorado. Quando comete erros, eles devem ser encobertos. Quando dorme, não deve ser injustificadamente perturbado. E quando não presta, deve ser abatido a pauladas. Mas este último e extremado processo não pode ser executado todos os dias e, certamente, não nos dias imediatamente subseqüentes à escolha dele".

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns, felicidades e muitos anos de vida.

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