sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ingrid foi vítima, mas continuou sendo Ingrid

Reféns das Farc por cinco anos, três americanos fazem num livro lançado hoje acusações a Ingrid Betancourt, com quem conviveram no cativeiro nas selvas da Colômbia. Dizem que a franco-colombiana é egoísta e colaborou com a guerrilha terrorista.

Dizer o quê? Sequestrados ou não, em posição de poder ou em situação de humilhantes, somos todos o que sempre fomos e, provavelmente, sempre seremos.

Eis o texto do UOL:

Um livro lançado nesta sexta-feira (27) dá um duro golpe na imagem heroica de Ingrid Betancourt, a franco-colombiana ex-refém das Farc libertada em julho de 2008. No livro, "Out of Captivity" (Fora do cativeiro), ex-reféns companheiros de Ingrid descrevem-na como dominadora e até traidora, e capaz até de furtar comida dos companheiros. Os autores são os americanos Marc Gonsalves, Keith Stansell e Tom Howes, que foram mantidos como reféns das Farc na selva colombiana por mais de cinco anos e libertados na mesma operação que livro Ingrid. Eles dizem que a colombiana era uma mulher "egoísta e dominadora." O trio foi capturado depois que seu avião caiu em um território dominado pelas Farc em fevereiro de 2003. De acordo com eles, Ingrid recusava-se a dividir as coisas, agia arrogantemente e dizia aos terroristas que os americanos eram agentes da CIA -o que poderia colocar suas vidas em risco. Gonsalves diz que Ingrid não queria que os americanos ficassem no mesmo local que ela.

Em entrevista dada nesta sexta, Stansell diz que Ingrid incentivou e ajudou os guerrilheiros a revistar um grupo de sequestrados."Minha pergunta é: por que ela ajudou a guerrilha a revistar três sequestrados?", afirmou Stansell em entrevista a uma rádio de Bogotá. Segundo ele, essa situação aconteceu três dias antes da libertação do grupo. "Os três americanos, na frente de todos, foram revistados. As Farc nos revistaram e ele supervisionou essa revista", contou. "Entende como me senti, encurvado no chão, sendo revistado por um refém colaborando com os sequestradores? Isso é verdade. Todos foram testemunhas disso." Ingrid, que também está escrevendo um livro sobre o cativeiro, não respondeu aos pedidos de entrevista da France Presse e da Associated Press para dar a sua versão.

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