sexta-feira, 2 de junho de 2017

HORA DE DESFRALDAR BANDEIRAS


A Folha noticia que artistas da Globo que defenderam o golpe se encontraram para um queijos e vinhos na casa de Paula Lavigne com artistas da Globo que tomaram posição contra o golpe ou, pelo menos, contra o governo Temer. O objetivo era convidar a população para a manifestação de domingo em São Paulo.

Os artistas fizeram alguns pactos informais durante o jantar: 1) a palavra de ordem não será mais “diretas já”, mas “Temer jamais”. 2) para evitar polêmicas, ninguém defendeu, criticou ou sequer mencionou os nomes de Lula e Aécio. 3) Falar de Marina podia.

Peço, como se fosse necessário e importante, que me incluam fora dessa.

Não delego a nenhum artista, de direita ou de esquerda, o privilégio de decidir por mim e, no limite, pelo povo, qual deve ser a nova palavra de ordem das manifestações. Eu mesmo posso ter dúvidas a respeito e exijo um debate amplo sobre o assunto.

Não autorizo ninguém a colocar no mesmo patamar, como se fossem iguais ou, como os aecistas gostam de dizer, “farinha do mesmo saco”, um presidente da República que deixou o cargo com mais de 80% de aprovação e um ex-candidato a presidente que, ao ser derrotado nas urnas, passou a liderar o maior movimento de todos os tempos de sabotagem política e econômica do país, das instituições e da legalidade, tornando incontornável e de consequências desastrosas uma crise que a maioria dos países enfrentou e conseguiu administrar.

Finalmente, não posso concordar que, se os artistas globais decidiram excluir e tornar invisíveis Lula e Aécio – justo quando o momento exige que ambos sejam julgados com honestidade e imparcialidade pela Justiça e pela sociedade – aceitem que a oportunista Marina Silva, que por sinal apoiou Aécio, seja acolhida com exclusividade e sem qualquer crítica.

Não tenho nada contra a reunião, menos ainda contra o fato de que uma parte dos golpistas, em todos os campos, tenha se arrependido e queira mudar de posição. Bem-vindos.

Mas não pertence a artistas de direita e de esquerda a luta para desmontar o golpe cometido contra a presidente eleita (cujo nome, posso supor, também deve ter sido banido do convescote), para desfazer o estrago que está sendo promovido pelas forças que foram derrotadas nas últimas quatro eleições e para reconstruir a economia brasileira destruída pela sabotagem dos golpistas.

Pertence ao povo e à sociedade civil organizada – e por sociedade organizada, que fique bem claro, devem ser entendidos, muito além dos artistas, sobretudo os partidos políticos, as centrais sindicais, os sindicatos, o MST, o MTST, os movimentos populares contra a intolerância, o racismo, a homofobia e o machismo etc.

Todos com suas bandeiras orgulhosamente desfraldadas.

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