terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Carnaval: micos da Globo e do Aécio

Quando uma escola de samba como a Porto da Pedra ou a Rocinha tropeça na Sapucaí por qualquer razão - quase sempre porque um carro alegórico estragou - os narradores e comentaristas se derramam em piedade.

— É lamentável que um ano inteiro de trabalho acabe dessa maneira - eles dizem.

Ninguém tem coragem de dizer o óbvio:

— É muita incompetência passar um ano planejando o desfile e não se precaver do defeito de um carro alegórico. Que falta de profissionalismo!

Enquanto isso, Beija-Flor e algumas outras grandes escolas passam pelo desfile sem falhas.


Elegância tucana

Foi preciso estômago para assistir à entrevista de Aécio Neves na Rede TV durante o carnaval de Salvador. O governador e integrante da troica tucana exibia uma ridícula camiseta regata e maltratava o bom gosto com pelos escapando do sovaco.


Sei lá, mil coisas

Os comentaristas da Globo certamente entendem de carnaval, mas têm dificuldade de explicar. Ontem, em rápida mas animada troca de informações, Cléber Machado tentou arrancar de Ivo Meirelles a diferença entre os quesitos harmonia e conjunto.

— Conjunto é tudo - esclareceu o especialista.

E continuamos todos boiando.


Errar é comunitário

À comunidade, qualquer erro é perdoado.As escolas podem cometer as maiores asneiras no desfile que sempre aparece um comentarista para elogiar o esforço da comunidade, do amigo fulano, do compadre beltrano. Na transmissão da Globo, Maria Augusta é exceção à demagogia geral. Dela se ouve, de vez em quando, uma crítica sincera.


Petroquímica no barraco

Se for verdadeira a informação transmitida por Maria Beltrão durante o desfile da Mangueira, o artesanato da favela ganhou sofisticação de pólo petroquímico. Quando o público do Sambódromo agitou milhares de bandeirinhas de plástico distribuídas pela escola, a apresentadora exaltou:

— São bandeirinhas feitas pela comunidade!


Duas comissões, duas medidas

Quando a Porto da Pedra apresentou uma comissão de frente moderninha e coreografada, no desfile de ontem, o comentarista Haroldo Costa, da Globo, foi implacável. Disse que não gosta deste tipo de recurso e prefere comissões de frente tradicionais, ligadas ao enredo.

Uma hora depois, quando a Mangueira exibiu a super-coreografada comissão de frente de Carlinhos de Jesus, Haroldo mudou de opinião e rasgou elogios.


Não param para a paradinha

Que fique bem claro, antes de mais nada: é injusto criticar os apresentadores da Globo. Eles passam 11 horas no Sambódromo, ao vivo! É um trabalho quase impossível e, de maneira geral, espantosamente bem feito. Cléber Machado ainda tem uma qualidade extra: é capaz de brincar com os próprios erros.

Mas bem que eles podiam dar uma folga ao telespectador nos momentos em que as baterias da escolas fazem suas paradinhas. Os caras ensaiam meses aquelas firulas e quem assiste ao desfile pela tevê acaba sendo excluído porque os apresentadores falam por cima do áudio e ainda encerram o papo assim:

— Esta foi a paradinha da bateria.

Mas ninguém ouviu nada, caramba!








2 comentários:

Anônimo disse...

Bacana você comentar a cobertura apontando os excessos e as curiosidades. A Globo tem mais méritos que as outras emissoras. Pena que ela tenha usado entre os jornalistas artistas que não fazem boas entrevistas. Havia uma humorista que trabalha piadas preconceituosas explorando raça e classe. Parece que tiveram que administrar um conflito quando o jornalista Marcos apresentou a equipe na segunda-feira e não se referiu à humorista. A moça perdeu a esportiva, subiu nas tamancas em pleno ar. Demonstrou prepotência. As outras emissoras mantiveram o nível muito baixo, usando pretensas celebridades para entrevistar outras pretensas celebridades - e salve nosso patrocinador. A Luciana Gimenez recebeu cobertura de grande estrela da emissora em que trabalha, sempre acompanhada do noivo diretor da tv e com direito a zangar-se com a moça que a perseguia, talvez fosse uma repórter, não deu pra ver. Valeu.

Anônimo disse...

Que a Globo tem méritos pela cobertura que fez do carnaval é inegável, mas não podemos esquecer que a emissora do Jardim Botânico trabalha com monopólio, comprou o direito de produzir com exclusividade imagens no Sambódromo durante todo o carnaval. Dai, as outras emissoras não podem ter nada melhor do que a Globo apresenta. Agora a Globo está brigando com o Terra por causa do uso, segundo a Globo, indevido de imagens do carnaval.
saudações.

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