Ainda não posso fazer uma resenha do livro "Stalin, a corte do czar vermelho", de Simon Sebag Montefiore, que comecei a ler faz uma semana. Por enquanto, atravessei apenas 200 de suas 860 páginas. Mas é o suficiente para perceber que o autor não escreve tão bem quanto eu imaginava e exagera na reprodução de pedaços de frases de cartas, bilhetes, anotações e recados entre Stalin e seus companheiros de politburo, embora a tradução do temperamento e da personalidade de todos eles dependa justamente dessas transcrições.
O que chama atenção na primeira parte do livro é a relação bizarra e asquerosa, de tão servil e submissa, de grandes artistas russos com o ditador. Gente como Gorki, Pasternak, Tolstoi e Stanislavski derramava-se em alegre bajulação do Vojd soviético, atitude que chega a atenuar a má impressão que me deixou um livro de Graciliano Ramos - Viagens - em que ele puxa descaradamente o saco de Stalin.
Se os escritores e autores de teatro que estavam ao lado de Stalin não percebiam, no final dos anos 30, a tragédia que vinha acontecendo havia quase 15 anos, e se locupletavam da proximidade com o poder, por que Graciliano, aqui do Brasil, tomaria o cuidado de não embarcar nesta canoa furada?
4 comentários:
Qual a sua opinião? A noticia foi veiculada no Jornal concorrente, do Jader Barbalho.
http://www.diariodopara.com.br/Cidades/Ci_01.asp
... logo, não era puxa-saquismo do Graciliano, era coisa da época.
Só para entender, Marona: Você fala que escritores e autores de teatro não perceberam, nos anos 30, o desastre que vinha acontecendo há duas décadas, ao lado de Stalim. A revolução Bolchevique foi em 1917 e Lênine governou até 1924. De 17 a 30 não são duas décadas. E Stalim, no final dos anos 30, só estava com seis anos de poder. Acho que há um equívoco no seu comentário.
Vc tem razão, marcus: errei em 15 anos. Lênin morreu em 24 e só a partir daí Stalin ascendeu ao poder. Já mudei o texto. Grato.
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