Posso estar enganado, talvez tenha perdido algum fato importante no caminho, mas sinto um cheiro de tragédia democrata na próxima eleição americana. Aos poucos, a gente vai descobrindo coisas do arco da velha na vida de Barack Obama e a cada uma delas o candidato negro que não gosta de ser chamado de negro parece ficar mais enrolado para se explicar.
Agora, teve que brigar em público com o seu mentor espiritual, o pastor aloprado Jeremiah Wright, para quem o governo americano inventou o vírus da Aids com o objetivo de contaminar os negros. O pastor, que durante 20 anos Obama respeitou como seu líder religioso, fez seu casamento e batizou suas filhas, considera os Estados Unidos responsáveis pelos atentados de 11 de setembro e termina uma manifestação pública com a seguinte frase:
- Deus amaldiçoe a América!
Não duvido que muita gente conheça o pensamento vivo do pastor Jeremias e concorde com ele. Obama, pelo jeito, concordava antes de ser candidato. Mas posso afirmar que amaldiçoar a América não dá votos nos Estados Unidos. Bem, talvez tenha apoio do lingüista Noam Chomsky e do cineasta Michael Moore.
Neste momento, a situação de Barack Obama pode ser resumida assim: um negro que passou a campanha inteira tentando provar que é quase branco se vê na obrigação de atacar o seu líder negro para obter votos brancos.
A guerra entre Obama e Hillary Clinton pode entregar de mão beijada mais quatro anos para os republicanos. McCain deve estar rindo de orelha à orelha.
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