Helival Rios, diretor da secretaria especial de comunicação do Senado, mandou email para o blog do Noblat, onde meu texto havia sido citado, para negar taxativamente que o Senado tenha tido, algum dia, tantos jornalistas. Disse o Helival:
"A fim de mantê-lo bem informado e também os seus milhares de leitores, nunca, em toda a sua História de 182 anos, o Senado Federal teve um quadro de 500 jornalistas.
"Atualmente, somando-se o conjunto dos veículos da Secretaria de Comunicação Social do Senado (SECS), há 129 jornalistas, todos admitidos por meio de concurso público. A SECS, seguindo orientações do TCU, não conta com jornalistas terceirizados ou regidos pela CLT.
"Conforme lhe disse, o número de 129 jornalistas concursados é o maior já resgistrado no Senado, em toda sua História."
A imagem que tenho do Helival Rio, da época em que fui diretor de comunicação, é a melhor possível: competente, discreto, avesso a panelinhas. Como era, aliás, a maioria dos jornalistas do Senado. Mas Helival está errado ou foi induzido a erro.
Em 28 de agosto de 2001, conforme dados de que disponho e que obtive quando era diretor de comunicação do Senado - cópias de listas, planilhas, orçamentos etc - o Senado tinha - sem contar os contratados diretamente pelos gabinetes dos 81 senadores - 462 profissionais de imprensa à sua disposição, assim distribuídos:
- 208 jornalistas servidores (concursados, portanto)
- 184 terceirizados
- 70 estagiários
Esta lista inclui jornalistas e radialistas, assim como cinegrafistas, já naquela época chamados de repórteres cinematográficos, e seus auxiliares. Inclui também alguns poucos profissionais de relações públicas (19 servidores) que, no entanto, trabalhavam na comunicação social. Todos os 462 funcionários eram responsáveis pelo funcionamento das nove subsecretarias da diretoria de comunicação social e, especificamente, pelo funcionamento da TV, jornal diário, agência de noticias, rádio, portal na internet, projetos especiais, relação com a imprensa etc.
Cheguei a propor a extinção da subsecretaria de projetos especiais, esta que Helival Rios comanda hoje, por considerá-la desnecessária e porque, com isto, reduziríamos o número de funcionários em 31 - 10 servidores (que seriam deslocados para outras funções), 14 terceirizados e sete estagiários. Não consegui porque enfrentei forte resistência e porque acabei pedindo demissão antes que o assunto fosse resolvido.
O maior número de jornalistas/radialistas estava na TV Senado, o que é natural, dada a complexidade da operação de uma emissora de televisão: eram 51 servidores estáveis, 124 terceirizados e 12 estagiários. No jornalismo da rádio, cujo sinal, diga-se de passagem, nem chegava à maioria dos estados brasileiros, havia 46 concursados, 15 terceirizados e cinco estagiários.
Na mesma época, últimos meses de 2001, uma comissão percorria os gabinetes dos senadores, principalmente os da Mesa, pleiteando a contratação de dezenas de jornalistas que haviam sido aprovados em concurso mas que não foram chamados para contratação. Não sei como esta luta terminou, mas nos poucos meses em que estive no cargo me opus à contratação de novos servidores estáveis.
Ao mesmo tempo, na discussão do orçamento para o ano seguinte - estávamos perto do fim do ano - recebíamos, eu e os diretores das subsecretarias, demandas insistentes por novas contratatações de terceirizados, por meio de cooperativas formadas para este fim.
Eu entendo a posição de Helival Rios. A função que ele exerce exige zelo pela corporação que representa. Ele está errado ao afirmar que o quadro atual, de 129 jornalistas - todos concursados e nenhum terceirizado - seja o maior da história do Senado. Mas é possível, até provável, que ele tenha participado de um movimento cujo resultado foi a redução do quadro para menos de um terço do existente em 28 de agosto de 2001. Talvez o TCU tenha mesmo exigido a demissão de todos os terceirizados.
Seria uma façanha, digna de ser citada em seminários, levando levando em consideração a lista dos senadores que presidiram a Casa desde 2001, todos certamente pouco identificados com a idéia de demissões ou "reengenharias":
- Antônio Carlos Magalhães
- Jáder Barbalho
- Ramez Tebet
- José Sarney
- Renan Calheiros
- Garibaldi Alves
Não cito Edison Lobão e Tião Viana, porque exerceram apenas curtas interinidades. Quanto a Ramez Tebet, posso afirmar que não promoveu aumento de quadro entre jornalistas nos três meses em que estive lá.
2 comentários:
A afirmação "A SECS, seguindo orientações do TCU, não conta com jornalistas terceirizados ou regidos pela CLT" contém grave equívoco.
Há jornalistas terceirizados. Entre estes, há quem tenha disputado os concursos para jornalista do Senado sem obter aprovação.
Não conhecia o seu blog. Passei a conhecê-lo pelo do Noblat. Polêmica muito bem suscitada, diga-se de passagem.
O mesmo não posso dizer de você, profissional que sempre admirei.
A propósito, Marona, o que anda fazendo? Só está com o blog?
Forte abraço.
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