Intelectuais brasileiros de jornal - aqueles que são mais conhecidos pelas entrevistas que dão do que pelos livros que escrevem - costumam comparar qualquer evento que consideram libertário ao funk carioca. Esta semana, foi a vez de dizer que o funk dos morros do Rio é uma espécie de nova versão do Maio de 68 na França.
Como nunca foram a um baile funk - alguns recebem tudo o que precisam daquelas áreas da cidade diretamente em casa, em sistema "delivery" - os intelectuais de jornal não sabem que o funk carioca é muito menos do que um movimento libertário. É o oposto disso: é autoritário, inculto, musicalmente pobre, machista, coisificador da mulher, quase pedófilo, por submeter meninas à sexualização precoce, e incentivador do tráfico e da violência das facções criminosas.
O funk, como praticado na maioria das áreas pobres do Rio, é meio de vida de picaretas e protetor de traficantes. E o pior: contribui, diretamente ou indiretamente, para submeter os moradores das favelas ao jugo dos criminosos.
Como se não bastasse a chateação imposta pelos jornais sobre os 40 anos do Maio de 68, hoje tive que enfrentar páginas e páginas sobre os 50 anos da Copa de 58. Este povo adora uma efeméride. Por que não fazem, então, cadernos especiais sobre:
- Os 160 anos da Revolução de 1848 na Europa e a publicação do Manifesto Comunista de Marx e Engels
- Os 360 anos do fim da Guerra ds 30 anos
- Os 60 anos da fundação do Estado de Israel
- E o melhor de todos: os 80 anos do Abapuru, de Tarsila do Amaral.
Um comentário:
Para celebrar maio de 68, "capa" do "portal" G1 da Globo:
http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL473172-15530,00-MUDANCAS+DE+MAIO+DE+TAMBEM+INVADIRAM+A+MODA.html
É uma questão de fashion, saqualé?
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