sexta-feira, 27 de junho de 2008

Cesar Maia precisa de um professor de português

O Rio tem um prefeito virtual. Não é metáfora. Cesar Maia não esconde que prefere passar a maior parte do tempo diante de um computador. Governa por e-mail, fala por e-mail e se manifesta através de um blog, que ganhou da imprensa o apelido de ex-blog.

A imprensa adora Cesar Maia. Fala mal dele, é claro, mas convive bem com o estilo amalucado que o prefeito forjou para si mesmo. Ele já escreveu em livro como manipula jornalistas e jornais, além de pesquisas. Ninguém reclamou. Não fosse por esta cumplicidade, jornalista que se preze e jornal que se leve a sério não aceitariam o fato de um prefeito recusar entrevistas diretas, pessoais, para dizer o que pensa apenas pelo blog e por correio eletrônico.

Qualquer bobagem publicada no ex-blog vira notinha, notícia, comentário. Os colunistas babam.

Esta implicância sempre me levou a passar longe do blog do Cesar Maia. Mas de vez em quando recebo de algum amigo textos assinados pelo prefeito. Hoje, recebi uma tese dele, em tom de postulado, sobre como os candidatos devem utilizar o horário gratuito para propaganda eleitoral na tevê.

Minha vontade foi parar na primeira frase, que tem pelo menos dois erros de português desmoralizantes, principalmente para quem decidiu fazer da escrita sua principal forma de comunicação com o mundo. Vejam:

"Este Ex-Blog vem alertando a algum tempo, que o efeito da televisão nas campanhas eleitorais mudou muito."

O prefeito ainda não sabe que o verbo haver tem H. Também não sabe que não se deve separar por vírgula o sujeito do predicado. Na verdade, nas 45 linhas da tese, Cesar Maia parece jogar vírgulas ao alto para que a sorte decida onde elas devem cair.

Das duas, uma: ou o prefeito precisa de um ghost-writer ou deve demitir sumariamente o que trabalha para ele atualmente.

Reproduzo o texto na íntegra, com todos os erros. E informo que me cadastrei no blog para me divertir com a gramática do nosso prefeito.


Ex-Blog do Cesar Maia 27/06/2008
------------------------------------------------------------------------------------------

TEMPO DE TELEVISÃO E ELEIÇÕES!

1. Este Ex-Blog vem alertando a algum tempo, que o efeito da televisão nas campanhas eleitorais mudou muito. Antes impactava, emocionava, e por isso, atraía apoios. Isso já não ocorre mais. Mesmo agora nas primárias democratas nos EUA -Hilary x Obama- quando os comerciais na TV foram usados amplamente, os analistas chamaram a atenção, que o impacto sobre o eleitorado tinha sido mínimo. No Rio- Capital, se pode medir isso desde 2004.

2. Mas se a TV não impacta, ter um tempo básico de TV, é fundamental. Tanto faz se o candidato tem 3 minutos ou 5, ter 5 ou 7 minutos... mas não ter tempo de TV, ou tê-lo marginalmente -1 minuto, 1 minuto e meio- é mortal.

3. O eleitor médio ao acompanhar mais ou menos distraído, as campanhas na TV, desenvolveu a idéia que quem não tem tempo de TV é candidato fraco que não tem chance. E quem tem tempo de TV, tem chance. Tanto faz se é muito ou suficiente, pois a época do impacto e das emoções eleitorais via TV, passou, e a assistência distraída não diferencia esses tempos.

4. Os comerciais entram fatiados na TV, e aí mesmo que ter 6 minutos ou 3 minutos não faz muita diferença numa eleição de muitos candidatos. Lembre-se que a terça parte do tempo total é dividida igualmente por todos os candidatos a prefeito, dispersando ainda mais. Com isso a comunicação na TV deve ser direta, sem preocupações com "glauberismos". Mas a "definição" deve ser igual a da TV Globo, que é a "definição" com a qual os olhos dos eleitores, estão acostumados.

5. A TV informa quem são os candidatos, os que têm chance (quem tem muito pouco tempo de TV sai fora do grid de largada do eleitor) e que imagens de candidatos valem a pena pré-selecionar para fazer sua escolha definitiva.

6. O processo de memorização é triangular: sujeito, objeto e um terceiro elemento que garanta memória (o barbantinho amarrado no dedo, um nome conhecido...). A comunicação -arrogante- que imagina que basta o candidato e o eleitor fica no esquecimento. A TV ajuda muito, a informar, e se bem usada hoje, a memorizar. Mas não produz mais emoções eleitorais.



Nenhum comentário:

Postar um comentário