segunda-feira, 16 de junho de 2008

Dunga e a renovação que não houve

Gostei quando a CBF escolheu Dunga para que promovesse uma renovação completa na seleção brasileira, depois do vexame da Copa de 2006. Fazia sentido. Um jovem com pouca experiência como técnico mas com a imagem de um lutador, que sempre honrou a camisa amarela, quando a vestiu, mesmo nas derrotas. Depois do escândalo do meião de Roberto Carlos, Dunga serviria de imposição moral aos craques preguiçosos e descuidados que punham a seleção em segundo lugar em suas prioridades.

Dois anos se passaram e Dunga não fez a renovação prometida. Escala, hoje, os jogadores da turma do meião. Seu time-base é velho e superado. Lúcio, Juan, Gilberto, Gilberto Silva, Josué, Mineiro, Robinho e Adriano estavam ou poderiam estar na derrota de 2006. São mais ou menos da mesma geração.

Os novos preenchem uma ou outra vaga ou ficam no banco ou nem mesmo no banco de reservas conseguem lugar. A imprensa tem sua parte de responsabilidade pelo medo de mudança. Na semana passada, quando Dunga retirou Anderson e o substituiu por Gilberto Silva, no treino, os jornalistas aprovaram. Acharam, como Dunga, que o time ficava mais seguro e "equilibrado".

Os especialistas não foram capazes de lembrar que qualquer time pode jogar com três volantes ou cabeças-de-área, desde que escolha para esta função jogadores que reúnam duas qualidades fundamentais: marcar e passar bem a bola. Anderson faz isto, razão pela qual, depois de ter sido atacante no Grêmio, tornou-se volante no Manchester United. Lucas, volante do Liverpool, também é capaz de marcar e ir ao ataque, mas nem relacionado por Dunga foi.

Luis Fabiano e Adriano não representam absolutamente nada de novo e nem mesmo um passado glorioso na seleção podem exibir, mas deixaram fora da relação de jogadores disponíveis ontem a única novidade possível no ataque, Alexandre Pato.

Mais poderia ser dito. Robinho e Diego nunca fizeram, juntos, uma boa partida pela seleção. Maicon e Gilberto têm o defeito típico dos laterais: não sabem cruzar. Lúcio e Juan, sempre elogiados como uma segurança na zaga, levaram seis gols em três jogos.

Mas o mais importante é que, ainda que vença a Argentina quarta-feira, Dunga continua devendo ao país uma renovação que, até agora, não teve coragem de fazer.

2 comentários:

Renato Hoffmann disse...

Marona, concordo com as tuas observações e acrescento mais uma: Hernanes, do São Paulo, é o melhor volante em atividade no Brasil. Briga pela bola, sai jogando de cabeça erguida e ainda chuta forte de meia distância. Porém, na seleção do Dunga - um ex-volante brigador, mas tecnicamente limitado - jogadores diferenciados não têm lugar.

Anônimo disse...

"Lúcio e Juan, sempre elogiados como uma segurança na zaga, levaram seis gols em três jogos"

Quatro deles de Canadá e Venezuela...

Quem você escolheria no pra-ou-ímpar, Léo Moura ou Maicon?

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