quarta-feira, 11 de junho de 2008

Manchetes que não entregam o que vendem

Manchetes que prometem muito acabam em manchetes que causam frustração. Muitas vezes a culpa é do jornal mesmo, que trata como certo ou provável algo que é no máximo possível.


Os jornais de hoje tem em suas manchetes dois exemplos de como flertam com sonhos para entregar decepções.


Há algum tempo, O Globo noticiou com chamadas de primeira página que os candidatos a cargos eletivos que estivessem respondendo a processo criminal seriam impedidos de concorrer, pelo Tribunal Regional Eleitoral.


Ontem, julgando proposta idêntica do TRE da Paraíba, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu: ninguém pode ser impedido de disputar qualquer cargo por estar sendo processado, a não ser que já tenha sido condenado em todas as instâncias judiciais possíveis e que a sentença final tenha transitado em julgado.


Quando anunciou o veto dos "candidatos de ficha suja", o TRE sabia que a idéia não passaria, como não passou em eleições anteriores. Mas queria uma manchete. O Globo sabia que a notícia era forçada, mas também queria uma manchete.


Resultado: frustração.


O segundo caso do dia registra o início do processo que acaba em decepção.


Extra e O Dia noticiam em manchete semelhantes que as aposentadorias proporcionais serão transformadas em aposentadorias integrais. Isto representará um aumento de 50% nos rendimentos dos milhões de brasileiros que se enquadram na situação.


Que maravilha, não é mesmo? Não necessariamente.


Só a leitura do texto permite concluir que os aposentados terão que jogar muitos torneios anuais de dominó nas pracinhas do Rio até que tal promessa se realize.


O projeto foi apenas aprovado pela comissão de Constituição e Justiça da Câmara, primeiro passo para que continue tramitando. Vejamos quantos passos ainda faltam:


1. Depois disso, deve ser examinado pela comissão de Seguridade Social e, talvez, pela comissão de Economia.

2. Entrar na pauta de votações.

3. Ser votado em plenário.

4. Se aprovado, ir para exame no Senado.

5. Ser votado no plenário do Senado.

6. Mesmo que modificado em apenas uma vírgula, voltar para nova votação no plenário da Câmara.

7. Se aprovado, ser encaminhado para sanção do presidente da República.

8. Sancionado pelo presidente, deve entrar em vigor apenas no ano seguinte, já que acarreta aumento de despesas e busca de alguma fonte de receita.

Acontece que, justamente por acarretar grande aumento de despesa e não apontar fonte de receita, a não ser que algum novo imposto seja criado, o projeto não tem futuro. Pode até ser justo, mas é inviável.

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