"Todo o país lamenta a morte destes 3 jovens. O Exército lamenta, o governo estadual lamenta, o governo federal lamenta. Eu, também, naturalmente, lamento.
O Exército imediatamente tomou as medidas necessárias de maneira transparente, apurando as responsabilidades de forma rápida e eficiente.
Este episódio é um fato isolado e não pode prejudicar um projeto importante para o Rio de Janeiro, que está beneficiando 780 famílias de uma comunidade carente e centenária.
O trabalho social do Exército, no morro da Providência, deve ser preservado. É importante que se diga que o Ministério das Cidades e o Comando do Exército estão ajudando o Rio de Janeiro a superar suas dificuldades".
Não é verdade, bispo Crivella. O trabalho que o senhor idealizou e que o Exército patrocina com o Ministério das Cidades contraria frontalmente a lógica da ação social do estado nas favelas. Trata-se de ação individual e eleitoreira, com respaldo político do seu amigo Lula.
Não é ação social, em primeiro lugar, porque não apenas não tem participação do governo do estado como foi feito à revelia do governador.
O governo do Rio foi eleito democraticamente para representar a sociedade em ações de ocupação social - ou mesmo policial - de áreas de risco. Cabe a ele, e apenas a ele, está função. Pode até, eventualmente, ser ajudado pelas Forças Armadas, mas sempre que solicitou, este tipo de apoio lhe foi negado, sob o argumento de que o Exército não tem autorização legal para exercer poder de polícia.
Ora, se o Exército não pode ajudar o estado a policiar áreas de risco, por que poderia ser usado para dar votos ao senador Crivella, que é candidato a prefeito?
Insisto: o estado foi eleito para nos representar, tanto na repressão ao crime quanto na ocupação política e social das favelas dominadas por facções criminosas. Ninguém delegou esta missão ao senador Crivella e ao grupo religioso que ele representa.
O desrespeito a esta regra democrática e constitucional básica é uma das causas, mesmo que indiretas, do comportamento assassino de um tenente e de um grupo de soldados.
Também é sua, senador, a responsabilidade pela negociação feita entre seus assessores e os traficantes da Providência. Fizeram um pacto de não agressão com o Comando Vermelho. O senhor pode afirmar que não sabia disso. É provável que o diga. Do ponto de vista jurídico, caso alguém resolvesse buscar culpados por esta cumplicidade com bandidos, pouco importaria.
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