terça-feira, 15 de julho de 2008

Dois milhões esperam habeas corpus no Rio

Meu comentário de 9 e 30 na Rádio Mundial AM1180:

Daniel Dantas está solto.

Naji Nahas está solto.

Ceso Pitta está solto.

A justiça soltou ontem o PM que matou um jovem de 19 anos na frente da boate Baronetti, em Ipanema.

E dois milhões de habitantes do Rio estão presos. São os moradores das favelas.

Foram detidos pelo tráfico ou pela milícia, dependendo do lugar onde vivem.

Está em todos os jornais do Rio e é manchete do JB:

“Favela impõe regras para campanha”.

Nos cativeiros em que dois milhões de cariocas são reféns do tráfico ou da milícia, os candidatos a prefeito não podem entrar, a não ser com autorização de quem realmente manda: os criminosos ou as associações de moradores, quase sempre cúmplices ou dominadas pelos criminosos.

Dois milhões de habitantes do Rio não poderão conhecer os candidatos a prefeito pessoalmente. Vão votar, escolherão aquele que acharem melhor e, mesmo assim, depois da eleição, continuarão reféns do tráfico e da milícia.

Dois milhões de moradores do Rio só saem e voltam às suas casas sob controle de traficantes ou milicianos.

Na prisão em que eles vivem – grandes favelas espalhadas pela cidade – o governo que eles elegeram não manda.

Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e o PM que matou um jovem estão soltos, mas dois milhões de habitantes do Rio continuarão cercados, acorrentados ao domínio de bandidos até que o estado tome uma providência.

Uma só, não, várias providências. Ocupar as favelas com a polícia, expulsar os bandidos de lá e consolidar a sua presença com escolas, obras de urbanização, órgãos públicos e policiamento permanente.

A presença definitiva do estado nas favelas dominadas por traficantes e milicianos é o habeas corpus que a população do Rio está esperando há muitos anos e há vários governos.

Mas este habeas corpus, pelo jeito, não há Gilmar Mendes que conceda.


Além das manchetes sobre a campanha eleitoral e o caso Daniel Dantas, muitos jornais brasileiros exibem nas suas primeiras páginas de hoje as imagens de um Ronaldo Fenômeno preso à gula, à preguiça e à sua negligência como atleta.

Ronaldo ostenta um barrigão de fazer inveja a bebedor profissional de chope antes dos rigores da Lei Seca.

Com aquela barriga, o nosso ex-fenômeno não tem vaga nem em pelada de casados contra solteiros.

Vai ficar tomando conta da churrasqueira.

Daqui a pouco a gente volta para conversar sobre internet.

Um comentário:

João Pequeno disse...

"policiamento permanente."

Pena que quase ninguém entenda algo tão básico.

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