O jovem Pedro Velasco, cujo segurança matou Daniel Marques na frente da boate Baronetti, prestou depoimento anteontem às 10 da noite na delegacia do Leblon. Confirmou a versão do PM que presta segurança à sua família há sete anos.
Até aí, nenhuma surpresa. Trata-se da segunda versão para o mesmo crime. A versão de uma testemunha de defesa do acusado. O duelo entre essas duas versões e as provas técnicas vão decidir se o PM é culpado de crime doloso ou culposo e se deve ou não ser condenado à prisão.
O que chama atenção na cobertura do Globo de hoje é a irritação do jornal pelo fato de Pedro Velasco ter escolhido para depor um horário noturno, provavelmente com a intenção de fugir da pressão dos repórteres, fotógrafos e cinegrafistas.
O Globo destaca nos títulos que teria sido concedida uma regalia ao jovem. Diz que ele prestou depoimento "na calada da noite, (...) quando a imprensa já havia deixado o local (...), privilégio concedido a personalidades que não querem se expor".
Desde quando 22 horas significa calada da noite? E por que a testemunha de um crime teria que prestar depoimento quando a imprensa estivesse na delegacia, se pudesse fazê-lo em outro horário? As únicas pessoas neste caso que têm interesse em depor com a presença de numerosos jornalistas são a mãe e o padrasto da vítima. Interesse legítimo, ressalte-se.
Vamos botar os pingos nos iis: os jornalistas bobearam, foram embora cedo demais, tomaram um banho do garoto e ficaram irritados com sua própria mancada.
O resultado da atitude de Pedro Velasco, tão legítima na busca de privacidade quanto a busca de holofotes pelos parentes de Daniel, é que a versão dele acabou sendo contestada no texto do Globo. Cada afirmação feita por ele mereceu contraponto da versão da família da vítima. Isto não aconteceu com tanta ênfase quando depuseram os acusadores.
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