A Folha e o Globo se recusaram a presentear o governo com manchete tão favorável, mas outros grandes jornais, como o Estado, o JB e a Zero Hora não se preocuparam com isso.
Há restrições à metodologia, há discordâncias sobre as causas das mudanças, mas as pesquisas da Fundação Getúlio Vargas e do Ipea são um prato cheio para o governo. Quando informam que a classe média tornou-se maioria entre 2002 e este ano, mesmo os jornais que dedicam manchete ao assunto estão tentando evitar a afirmação mais direta: três milhões de brasileiros deixaram de ser pobres durante os dois mandatos de Lula.
Procurar dados ou divergências entre os técnicos que diminuam a repercussão positiva deste resultado é intelectualmente desonesto. O resultado é claro:
Pobres (classe E) e remediados (classe D) eram 42,8% em 2002 e são 32,5% em 2008.
Classe média (C) era 44% em 2002 e chegará a 51,8% este ano.
Elite (classes A/B) era 13% em 2002 e será 15,5% da população até o fim do ano.
É claro que espanta descobrir que no Brasil "elite" é quem tem renda familiar de pouco menos de R$ 5 mil por mês. Mas aí é questão de conceito. São da elite brasileira o subeditor de economia do Globo e o seu proprietário, ainda que não costumem se encontrar no Country nas tardes de sexta-feira.
Tomei o cuidado de escrever este post antes de ler os comentários dos outros blogs sobre o resultado das pesquisas. Pretendia não me deixar influenciar pela má-vontade dos oposicionistas, pela euforia dos petistas e pelo ar blasé dos que se declaram independentes. Manifesto, portanto, a minha primeira e exclusiva impressão: não poderia haver notícia melhor para o governo Lula neste momento.
Alguém estranha que este blogueiro seja influenciável? Sou, sim. Posso me render a bons argumentos. E posso, vejam só, mudar de opinião: quem procura rigorosa coerência, respeito ao consenso e submissão absoluta ao senso comum talvez deva incluir outros blogs em suas leituras.
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