domingo, 10 de agosto de 2008

Rússia não pode aceitar agressão da Geórgia

Ao invadir a Ossétia do Sul e praticamente destruir sua capital, deixando um rastro de 1.600 mortos, a Geórgia sabia que estava cometendo uma agressão que a Rússia não poderia aceitar. Sabia que a reação russa seria fortíssima - "desproporcional", como dizem os Estados Unidos, aliado recente do governo georgiano.

Não podia ser diferente. Dois terços dos habitantes da Ossétia do Sul são russos. Invadir este enclave separatista, portanto, é o mesmo que invadir a Rússia. O interesse da Geórgia é evidente e não poderia ser mais irresponsável: ser atacada pela Rússia e forçar a Otan e os Estados Unidos a aderir ao conflito. A Geórgia quer uma guerra de grandes proporções ou, melhor ainda, um recuo humihante da Rússia diante de uma ameaça americana.

É claro que pesa muito nesta crise o fato de a Geórgia ser uma passagem do petróleo e do gás entre Mar Cáspio e o Mar Negro em direção à Europa. Mas a razão da fulminante reação russa não é apenas econômica. É geopolítica, principalmente. Desde o encerramento da Segunda Guerra e da divisão da Europa entre os vencedores - Estados Unidos, Inglaterra e Rússia - a principal preocupação da então União Soviética era fazer com que lhe fazem fronteira deixassem de ser uma ameaça.

Nada pesou mais do que isto na ação do georgiano Stalin, na época. A Rússia não pode, hoje, mais de 60 anos depois, permitir que aconteça em suas fronteiras o pesadelo que foi uma das causas do início da Guerra Fria. A Geórgia quer fazer parte da Otan e permitirá a instalação em seu território de mísseis americanos, supostamente para defender a Europa de possível ataque do Irã. Pode até ser, mas na prática, para a Rússia, isto significaria um retrocesso ao período que antecedeu o fim da Segunda Guerra. Impossível aceitar.

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