quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Caso Eloá: a responsabilidade da imprensa

A Folha entrevistou uma professora de psicologia social, Leila Tardivo, para buscar explicações sobre o fato de o velório e enterro da Eloá Pimentel terem atraído 36 mil pessoas ao cemitério. Ela atribui o "sucesso" da morte da menina à novelização do caso pela mídia. Não chega a ser uma crítica reacionária em defesa da censura à imprensa. A professora da USP propõe apenas uma cobertura mais parcimoniosa. E na última resposta, chama atenção para o exagero que, para este blog, pode ser criminoso. Vejam a entrevista:


FOLHA - O que levou essas pessoas a irem ao enterro?


LEILA TARDIVO - Houve um processo de identificação em massa. As pessoas se viram naquela situação.Elas têm filhos em casa da mesma idade, as meninas têm namorados. Todos entramos na história. É uma situação comovente.Também houve um apelo enorme da mídia.

FOLHA - De que forma?

TARDIVO - Houve uma novelização da violência. A mídia e as pessoas se retroalimentaram. O caso era exposto porque dava audiência e, quanto mais passava, mais as pessoas se interessavam. É um fenômeno semelhante ao que ocorreu com a morte de Isabella [Nardoni]. A mãe [de Isabella, Ana Carolina Oliveira] se tornou uma grande celebridade. Havia falta de privacidade.

FOLHA - Por que acontece?

TARDIVO - Acho que é uma uma necessidade que as pessoas têm de ter emoção. De participar efetivamente de alguma coisa importante. Aí se banaliza a violência. É como se as pessoas tivessem se acostumado. Mas isso não é novela, não tem final feliz.

FOLHA - E os efeitos disso?

TARDIVO - Em casos como esse é preferível se dar o mínimo possível de notícia pois se está colocando pessoas em risco. Lindemberg tinha um distúrbio grave e era necessário que se tomasse um cuidado maior. Como um repórter fala [ao vivo] com alguém nessa situação?

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