segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A defesa de um capitalismo que ninguém ataca

Responda energicamente a algo que não foi dito e você será vencedor de um debate inexistente. O debate não aconteceu mas, pouco importa, haverá sempre um ganhador - aquele que falou sozinho. Você, meu caro leitor!

Quer uma dica: faça um texto forte, agressivo, devastador, para dizer que o capitalismo não está ameaçado pela crise de Wall Street e que tampouco o liberalismo econômico ficou desmoralizado pela intervenção do governo americano para estatizar bancos e instituições financeiras.

Mas isto não basta. Você deve deixar bem claro que está respondendo aos idiotas que afirmam que o capitalismo está ameaçado e que o liberalismo acabou.

Onde os idiotas escreveram tais impressões? Em lugar nenhum, é claro, exceto, talvez, em algum blog esquisito. Na grande imprensa, a única denúncia de que o capitalismo corre perigo está em declarações de republicanos fundamentalistas, que consideram a intervenção de Bush no mercado uma vitória tardia do socialismo.

Eis aí o truque dos, digamos, articulistas conservadores, muito parecido com o velho truque dos, digamos duas vezes, militantes progressistas: todos os dias, desde que a crise americana começou, é possível encontrar nos grandes jornais pelo menos um artigo de desagravo ao capitalismo e ao liberalismo, sistema e escola que estariam sendo velados alegremente por comunistas fora de época e ignorantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

O blogueiro fala no "capitalismo que ninguém ataca" e que " todos os dias, desde que a crise americana começou, é possível encontrar nos grandes jornais pelo menos um artigo de desagravo ao capitalismo e ao liberalismo".

Ao capitalismo, lato sensu, pode ser. Liberal... Não.

Que tal contar quantos artigos há, todos os dias nos grandes jornais, atacando e defendendo o liberalismo?

Ao contrário dos subprimes, a aposta na primeira opção como detentora de mais adeptos não implica risco.

A disparidade numérica é semelhante à de um jogo de futsal das Ilhas Salomão.

Postar um comentário