No seu artigo de hoje, Elio Gaspari critica o governo pela decisão de baixar um pacote para ajudar "bancos pequenos". Lembra que não existem bancos pequenos, apenas bancos solventes e insolventes. Mais adiante, ao comentar a situação das empresas exportadoras que aplicaram em derivativos do dólar futuro e tiveram enormes prejuízos, Gaspari lembra:
"A diretoria financeira da Sadia estava ligada diretamente ao Conselho de Administração, presidido por Walter Fontana, da família do fundador da empresa. Se uma lanchonete de rodoviária tiver um caixa que responde a um parente do dono e não presta contas ao gerente, ninguém precisará pensar muito para intuir o que se passa atrás do balcão."
Este blogueiro já passou por situação equivalente, mas inversa. No século passado, foi convidado para ser editor-chefe de um jornal e, embora estivesse bem empregado (foi um bom século, aquele!), compareceu ao encontro com um representante informal da empresa, apenas por gentileza e para não fechar portas que podiam ser atravessadas no futuro.
No apartamento do sujeito, ouviu a proposta:
"Você será editor-chefe, com amplos poderes, mas precisa seguir rigorosamente uma instrução fundamental: não pode obedecer ao dono do jornal. Finja que vai atendê-lo, mas submeta qualquer pedido dele ao crivo do filho, que não vai muito à redação, mas pode ser encontrado por telefone a qualquer hora."
Convite feito, convite imediatamente recusado.
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