Acabou a elegância na disputa entre Fernando Gabeira e Eduardo Paes.
O debate encerrado há pouco na Band mostrou, logo no primeiro bloco, que a gentileza foi exclusividade do encontro promovido pelo jornal O Globo. Na TV, diante dos eleitores, imperou um certo vale-tudo.
Eduardo Paes assumiu a ofensiva e deixou Fernando Gabeira atordoado no primeiro dos três blocos. Foi agressivo.
"A posição de Gabeira sobre drogas todo mundo conhece."
Não há mais assunto proibido em nome da cortesia. Para nenhum dos dois. Depois de parecer acuado na primeira parte do debate, Gabeira reassumiu aos poucos, a partir do segundo bloco, o autocontrole que parecia fugir-lhe e afetar a velocidade do seu raciocínio.
"Sabe quantas vezes eu vi pessoalmente Cesar Maia? Cinco. Você é cria dele, tudo o que sabe aprendeu com ele."
Paes passa um ar de esperteza quando alfineta o adversário. E pisca muito quando faz promessas de governo. Gabeira esteve tenso o debate inteiro, com os dois braços tão fortamente apoiados no púlpito que parecia capaz de quebrá-lo a qualquer momento.
Além de tentar colar Cesar Maia em Gabeira, Paes demonstrou enorme preocupação em desconstruir a imagem cosmopolita do adversário. Na verdade, a idéia era esta: ou se impunha como igualmente identificado com questões mundiais ou, se não colasse, desprezava tal tipo de engajamento.
A atitude agressiva pode render votos ao candidato do PMDB, mais pela repercussão do que propriamente pela audiência direta do debate. Mas pode passar idéia de arrogância, preconceito e esperteza excessiva - o que nem sempre é bem recebido pelo eleitor.
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