Desde 2004, o "Jornal Nacional" perdeu um em cada cinco telespectadores em todo o Brasil. Na Grande SP a queda também é expressiva: - 18%.
Foi a partir de 2004 que a Record, apoiada pela Igreja Universal, passou a investir pesadamente em jornalismo (e dramaturgia), contratando várias ex-estrelas globais.
Não se pode roubar os méritos dos concorrentes. A Record, principalmente, investiu muito para montar um telejornalismo com padrão capaz de competir com a Globo.
Mas a queda da audiência média do Jornal Nacional, antes de ser efeito natural da capacitação da concorrência, corresponde a uma mudança de critérios e de estilo do telejornal.
O JN iniciou esta década decidido a ganhar prestígio político, se necessário em detrimento da audiência. Ao optar por um telejornal seco, com rigorosa prioridade ao noticiário factual do dia, a TV Globo sabia - ou devia saber - que perderia audiência. É assim desde o início dos anos 90.
Vejam o pedaço de uma pesquisa com os telespectadores do JN feita na segunda parte da década de 90.
"Assuntos que você não gosta de assistir no Jornal Nacional:
- Violência - 65%
- Política internacional - 59%
- Política - 47%
- Esporte - 27%
Outro teste com os telespectadores pedia notas de 1 a 10 para os assuntos do JN. Eis as notas mais baixas:
- A vida e os problemas dos craques do esporte - 5,6
- Violência nas cidades - 5,8
- Notícias e bastidores da política nacional - 6,0
- Gols dos grandes times - 6,4
- As tendências da moda e dicas de beleza - 6,6
- Reforma agrária e invasões de terra - 6,7
- O funcionalismo público no Brasil - 6,8
O JN deixou de ser há muitos anos - caso tenha sido algum dia - um telejornal assistido pelas classes A e B. O seu público majoritário é o trabalhador mal remunerado, a dona de casa e o aposentado. Este público quer informação do dia, sim, mas não muito. Prefere um espelho equilibrado, em que o factual do dia não esmague assuntos igualmente interessantes, ainda que menos urgentes.
Um comentário:
Gostaria de acreditar que o público do JN cansou-se daquele Órgão de Louvação Lulista...Duro é ver a rede do Bispo Macedo ganhar espaço!
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