Do G1:
O resgate de um operário de 63 anos que está preso em uma cisterna, em Igarapé (MG), continua na manhã desta terça-feira (28). Segundo os bombeiros, José Francisco da Silva está consciente e seu estado de saúde é considerado bom. Trinta e cinco bombeiros participam do trabalho. O acidente aconteceu há mais de 27 horas, quando manilhas, ferragens e pedras caíram sobre o operário.
Sempre que leio qualquer notícia sobre acidentes em poços acabo lembrando de uma história de que participei no início da década.
Estava de plantão no Jornal Nacional num sábado de causar sono quando recebi a informação que me acordou abruptamente: um diretor da Globo decidira mandar equipe e bombeiros de helicóptero ao Nordeste, onde um homem jazia preso num poço muito estreito, a vários metros de profundidade. Faltava equipamento adequado para tentar resgatá-lo e seu estado era grave.
A idéia do diretor era a seguinte: levamos os especialistas em resgate até lá e a Globo, para todos os efeitos, será a responsável pela salvação da vítima. Audiência garantida, prestígio assegurado.
Fui contra, taxativamente. Diante dos insistentes argumentos do colega, fazia apenas uma pergunta: e se o homem morrer?
Se a Globo buscava o prestígio advindo do resgate, tinha que estar pronta para arcar com a responsabilidade pela morte.
Foi necessária a intervenção de um diretor maior do que nós para que uma decisão final fosse tomada, cancelando a operação, suspendendo o helicóptero que já havia sido contratado e dispensando a ajuda dos bombeiros.
Em tempo: apesar da chegada ao local de outros peritos em resgate, o homem morreu naquela mesma noite.
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