Há pouco mais de um ano, ao pegar o telefone para fazer uma ligação, acabei ouvindo uma conversa entre duas mulheres, ambas evangélicas, num grampo involuntário que reproduzo tão literalmente quanto sou capaz de lembrar:
- O pastor disse ontem que a besta do apocalipse está chegando.
- Quem?
- A besta, o homem que vai trazer o fim do mundo, o juízo final.
- Quem?
- Ele disse que vai ser um negro, o primeiro presidente negro do país mais rico do mundo. Depois dele, não haverá mais nada.
Barack Obama não era candidato, ainda. Não havia campanha presidencial nos Estados Unidos.
Amanhã, os americanos escolherão o próximo presidente daquela que, a ser verdade o que a imprensa informa, será a eleição mais concorrida da história de um país em que o voto é facultativo e sempre foi exercido por apenas pouco mais de um terço da população adulta.
A ser verdade o que a imprensa informa, será a eleição de Barack Obama. Mesmo a imprensa republicana admite que John McCain tem poucas chances de vitória. Se Obama era favorito na primeira fase da campanha, teria se tornado imbatível com a explosão da crise financeira que nasceu em Wall Street e se espalhou pelo mundo.
Nada indica que o preconceito direto contra Obama e o preconceito conceitual como o que foi retratado na abertura deste texto serão capazes de impedir a vitória dos democratas americanos e dos progressistas em todo o mundo.
A não ser que...
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