Não será por falta de amigos na imprensa que o Metrô do Rio ficará desamparado. A sensação de abandonado é exclusividade dos usuários. Os passageiros não têm amigos na midia.
A coluna do Ancelmo Gois dedicou hoje nada menos que duas notas, uma delas com foto, laudatórias à empresa que tem submetido os cariocas a grande sofrimento debaixo da terra.
A primeira delas (nas duas, os grifos são do blog):
"O Citigroup, gigante bancário enfermo dos EUA, tem alguns ativos no Brasil. Detém, por exemplo, 52% do capital da holding que controla o metrô do Rio, uma concessão que vai muito bem, obrigado."
(Pelo que a nota sugere, em qualquer lugar do mundo uma empresa controlada por um banco atingido em cheio pela crise financeira americana deveria ser motivo de preocupação para seus usuários, menos quando se trata do Metrô do Rio. Quando a nota informa que o Metrô do Rio "vai muito bem, obrigado", ignora por certo o atendimento que a empresa tem prestado aos passageiros, descaso só revelado pelo Globo, recentemente, porque um de seus colunistas, por absoluto acaso, foi obrigado a usar o metrô e conheceu o inferno.)
Mas vamos à segunda nota do Ancelmo a favor do Metrô, na verdade, uma legenda da foto principal da coluna - uma maquete distribuída pela empresa:
"O metrô do Rio vai construir uma passarela superbacana (veja a reprodução) para ligar o prédio administrativo da prefeitura, Piranhão, à futura estação Cidade Nova, do outro lado da avenida Presidente Vargas. O metrô combinou com a prefeitura de tomar conta da futura passarela, de modo que fique sempre limpinha. A construção faz parte deste projeto de ampliação da malha metroviária, que vai permitir, a partir de dezembro de 2009, que passageiros da Linha 2 possam ir para Botafogo sem fazer baldeação no Estácio."
Trata-se de um release voluntário, adaptado à linguagem da coluna com o uso de expressões como "superbacana" e "limpinha". O Metrô não fará mais do que sua obrigação ao construir e manter limpa uma passarela que leve os passageiros aos seus trens. Já tem sido beneficiado pela omissão do estado em relação aos transtornos que causa aos usuários.
Chico Buarque, neste caso, tinha razão: a dor da gente não sai no jornal.
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