O banqueiro Daniel Dantas foi condenado a dez anos de prisão, mais pagamento de polpudas multas, por tentativa de suborno de um agente da Polícia Federal.
Beleza.
Mesmo assim, não deixa de ser estranho verificar que o sujeito que é acusado de um rosário de crimes financeiros, acabe condenado, por enquanto, por ter tentado subornar os policiais que queriam prendê-lo por esses crimes.
É mais insólito ainda do que ver Al Capone, chefe da máfia de Chicago, ser preso por sonegação de impostos.
Desde que funcione, e desde que seja justo, tudo bem.
O ministério público federal, que concorda com a sentença de 10 anos de prisão prolatada pelo juiz Fausto De Sanctis, ressalva que ainda vai demorar pelo menos seis anos para que o recurso de Daniel Dantas contra a condenação seja julgado.
Vamos combinar: infelizmente, Daniel Dantas não passará uma noite sequer no xilindró. Não por este crime.
E não vai porque a sentença escrita por este juiz De Sanctis é uma peça de proselitismo político com pseudo-filosófico. Alguns trechos divulgados pela imprensa têm um tom pessoal que soa inconveniente. Outros são tão genéricos que poderiam ser atribuídos a qualquer executivo de Wall Street, desses que levaram o mundo à sua nova crise. Vejam o que escreve o juiz:
"Suas qualidades ou habilidades mais marcantes não se lastreiam na preservação de valores da ética ou da correção, apesar de alegar em juízo pautar-se por sentimentos dos mais nobres."
"Sem hesitar, acredita no dinheiro não como instrumento legítimo para a circulação de bens, mas como algo determinante para suas ações e omissões, bem como de todas as pessoas que passam pelo seu caminho. Inverte, pois, a máxima: o instrumento passa a ser ente e o ente, instrumento. Nítida a contradição entre o que faz e diz acreditar. Parafraseando Friedrich Nietzsche, tornou-se aquilo que verdadeiramente é. Revela-se, pois, de personalidade desajustada".
O blog poderia citar agora, sem pestanejar, meia dúzia de acionistas, diretores de corporações e, acreditem, alguns chefes que conheceu pessoalmente e que se enquadrariam à perfeição nos dois parágrafos acima. Junto com Daniel Dantas, é claro.
E poderia, também, citar frases atribuídas a Nietzche em resposta ao Nietzsche citado pelo juiz De Sanctis:
“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.”
"A maneira mais pérfida de prejudicar uma causa é defendê-la intencionalmente com más razões."
Por que o juiz não pode ser mais simples? Por que não demonstra que está provada a tentativa de suborno e aplica aos réus a devida condenação, com as penas que considerar adequadas?
Um comentário:
Enquanto os 'mocinhos' forem tipos boçais como Protógenes e De Sanctis, Daniel Dantas poderá continuar tranquilo, tranquilo. (E 2 bilhões mais rico com a fusão das teles, autorizada pelo pai de seu sócio Lulinha.)
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