Pela segunda vez este ano, um policial militar foi absolvido do crime de assassinato pelo júri popular. Pela segunda vez, a sentença provocou indignação. Pela segunda vez, a imprensa ficou a reboque dos fatos.
Ontem, o cabo Willian de Paula foi absolvido do crime de assassinato do menino João Roberto, fuzilado dentro do carro de sua mãe porque os policiais acharam que eles podiam ser criminosos. Foi condenado apenas por lesão corporal, já que o júri entendeu que não houve dolo na morte do garoto de 11 anos.
Em outubro, outro corpo de jurados absolveu o PM Marcos Parreira do Carmo da acusação de assassinato de um jovem durante uma briga na frente da boate Baronetti. Como na decisão de ontem, o júri entendeu que não houve dolo na morte do rapaz.
Os movimentos em defesa dos direitos humanos, que pouco falaram sobre o caso da Baronetti, talvez porque o PM não estivesse a serviço do estado, manifestaram ruidosa indignação com a absolvição de ontem. Afirmaram que a decisão dá à PM licença para matar indiscriminadamente.
Este blog nunca viu alguém do movimento dos direitos humanos indignado com a absolvição ou libertação de algum bandido civil.
O resultado do julgamento de ontem não causaria tanto espanto se a imprensa soubesse prestar informações precisas e um pouco mais minuciosas sobre como funcionam os tribunais. Pode ser criticável ou tecnicamente viciado, mas não pode ser considerado surpreendente.
Este blog já escreveu a respeito ao comentar o caso da Baronetti e repete hoje: a imprensa precisa qualificar-se para cobrir direito e com mais conhecimento o poder judiciário. Precisa aprender que é importante ler os processos, entrevistar especialistas independentes e não limitar-se ao bla-bla-bla do ministério público e da defesa.
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