segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Por que o blog apóia Israel?

O Guido Cavalcante tem comentado os textos curtos sobre a guerra de Gaza e, em certo momento, tomou o cuidado de afirmar que não está tentando polemizar com o blogueiro e que compreende a minha raiva. O Guido é muito educado e elegante.

Por que não polemizar comigo? Não há nenhum obstáculo. Embora, como acontece com a maioria, a contestação às minhas idéias quase sempre faça com que me aferre ainda mais a elas - mesmo que esteja errado - não foram poucas as ocasiões em que, confrontado com bons argumentos, acabei por me render a eles. Costumo dizer que a coerência nem sempre é uma qualidade - muitas vezes é apenas teimosia reacionária.

Polemize comigo, meu caro Guido. Será um prazer.

Quanto à raiva que eu estaria sentindo, também tentarei ser honesto. Não sinto raiva alguma diante de confrontos armados no Oriente Médio, de tão acostumado que estou a observá-los de longe. Mortes demais, por muito tempo, esfriam qualquer sentimento de piedade.

É com muita calma que opino: neste conflito entre judeus e palestinos, eu tenho lado, sim, como de resto tenho lado em praticamente qualquer briga importante ou, vá lá, mesmo sem importância alguma. [Daqui a pouco, vou assistir a um jogo do campeonato inglês pela TV. Nem sei quem vai jogar, mas assim que o jogo começar, tomarei uma decisão sobre que time terá a minha torcida. Talvez seja o time menor, a não ser que um dos dois tenha uniforme azul.]

Como dizia, nesta guerra eu tenho lado: Israel.

Digo isto sem raiva e com absoluta frieza.

Minha formação política impede que, numa guerra entre um país democrático e um país dominado por um grupo terrorista, eu fique do lado do segundo. Já foi diferente. Numa fase da minha vida eu fazia exatamente o contrário. Posso ter piorado, mas acredito que apenas envelheci. Reconheço que é preciso certa frieza para defender esta posição, contra a opinião da maioria e, principalmente, contra a opinião de quase todos os meus amigos.

Mas vamos considerar, então, que há certas sutilezas, como Guido lembra muito bem nos seus comentários, que tornem impossível uma adesão automática, por princípio. OK. Vamos considerar, então, que por trás do Hamas está o Irã - pelo fornecimento de armas, pelo estímulo ao terrorismo contra Israel, pelos interesses políticos que opõem este país até mesmo aos demais países árabes.

Ôpa! Estou com Israel de novo, mesmo que fizesse aos judeus - e não faço - a crítica que a intelectualidade de esquerda do mundo inteiro faz.

Há algo mais a explicar: não acho que todas as guerras são injustas. Todas são sujas, todas matam inocentes, todas começam sem que se saiba como vão acabar. Mas muitas são justas, necessárias, indispensáveis. Poderia lembrar a Segunda Guerra Mundial, mas esta é fácil. Entendo, porém, que um país democrático atacado por mais de 400 mísseis, depois de ter aceitado uma trégua, que cumpriu rigorosamente, tem o direito de reagir e, reagindo, estará do lado da justiça.

9 comentários:

Stefano di Pastena disse...

Caro Marona, nestes tempos politicamente corretos onde vítima é algoz e vice-versa, antes de frieza ou raiva é preciso ter coragem para assumir uma posição pró-Israel. Parabéns pelos posts e pelos comentários. Não sei se você viu minha carta publicada n'O Globo de hoje (e sua capa Sebastião Salgado versão árabe) sobre a "reação desproporcional" israelense; pois bem, já recebi 4 e-mails furiosos de conhecidos (vamos ver a sessão de cartas, amanhã). Se eu tiver tempo, paciência e usar palavras fáceis e desenhos, responderei àqueles humanistas-piedosos-no-dos-outros-é-refresco.

Zé Carlos disse...

Marona

Quem lê seus posts (o que faço todos os dias sem falhas) chega a uma conclusão:

O sujeito é terrorista por achar a "profissão" interessante ou porque herdou dos pais a "vocação".

Para voce os grupos terroristas do mundo existiriam normalmente sem que houvessem causas.

Entendo que o terror é o pior meio de reinvidicação das necessidades dos oprimidos, mas eliminar o Hamas sem eliminar a causa de sua existencia não me parece uma opçãO inteligente.

Tito Maciel disse...

Marona...O Post não é oportuno para o que escrevo, mas mesmo assim, venho por aqui todos os dias e lhe confesso, ler suas resenhas tornou-se um vício para mim (Um bom vício)! Bom vamos ao que interessa...Desejo-lhe um ótimo ano de 2009, que DEUS abençoe os seus projetos e lhe dê muita saúde, alegrias e felicidades mil. E como diria aquele letrista pop do fim dos anos 80...."There is a light that never goes out"....Morrisey.

Anônimo disse...

Grande abraço, Tito. Ótimo 2009 pra vc e pra todos os leitores deste blog capenga.

Abraço para vc também, José Carlos, e obrigado por gastar um pouco do seu tempo diário lendo os pitacos que publico aqui.

Quanto ao seu comentário, respondo com a lembrança de velhos tempos de repórter. Eu vi um homem de 45 anos, que acabara de ser preso por estuprar uma menina de 16 anos, que quase matou, alegando o seguinte na delegacia: "Ela me provocou com aquela sainha curta, pediu para ser pega". Parece que é comum o estuprador culpar a vítima pelo seu crime. Fui provocado, nenhum ser humano resistiria etc.

Eu não quero saber, a não ser por interesse sociológico posterior, porque alguém comete um crime. Quero vê-lo punido pelo crime, antes de mais nada.

Depois a gente vê se ele teve uma infância difícil, se foi molestado, se é subjugado por outro povo, se sua gente está passando fome e coisas assim.

Vale para estupro, vale para terrorismo...

Anônimo disse...

Emails furiosos de conhecidos eu até gosto, Stefano.

Não li sua carta, infelizmente.

E aqui em casa depois que os dois humanos lêem o jornal, a Pipoca mija em cima.

Ela é mais crítica do que eu.

Stefano di Pastena disse...

Taí, gostei: Pipoca merece ter seu próprio blog...

Meu caro, um 2009 de muitas alegrias e saúde para você e os amigos do blog!

Aquele abraço!

Anônimo disse...

Grande 2009 para vc, Stefano. Sucesso no trabalho como joalheiro e ourives.

Zé Carlos disse...

Como não possuo capacidade intelectual para discutir com voce, tomo emprestadas estas palavras:

Veja o que o que o "coitado" Estado de Israel está fazendo com os civis na Faixa de Gaza:

"Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelita, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente actualizado.

José Saramago

Reproduzido de : http://www.iela.ufsc.br/?page=noticia&id=744

Anônimo disse...

No tempo que o Brasil tinha dívida externa, eu dizia para encher o saco aqui dos nordestinos, que o Brasil devia vender o nordeste para os judeus e com o dinheiro pagar a dívida. Os caras queriam me matar. Acontece que os palestinos nem venderam as terras deles. Foram tomadas e é nisso que começa todo o problema. Imagina se alguem decide tomar o Rio Grande do Sul e encher aquilo de argentinos, os gauchos iriam se matar de raiva.

Gaucho e colorado morando em Natal

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