Tim Lopes, meu amigo e colega de profissão, não foi apenas assassinado.
Sim, é possível usar a palavra "apenas" para um assassinato. Um homem pode ser morto por um tiro à queima-roupa, por uma bala-perdida, por um golpe único e fatal de alguma outra arma qualquer.
Mas, acreditem, pode ser pior: a morte pode chegar como alívio, para quem está sendo barbaramente torturado; pode ser consolo, para quem é submetido à crueldade inimaginável de ser cortado por uma adaga afiada; pode ser lenitivo, para quem teve membros arrancados pela ação dos seus algozes.
Os torturadores e assassinos de Tim Lopes foram presos. Vitória da justiça e da civilização sobre a barbárie. Mas durou pouco. Estão sendo soltos, um a um, muito antes de completarem as penas a que foram condenados.
Em julho deste ano que já vai tarde, Elizeu Felício de Souza, o Zeu, condenado a 23 anos de prisão por ter participado do martírio de Tim Lopes, recebeu o direito de visitar a família e nunca mais voltou ao presídio.
Ontem, 48 horas antes do encerramento deste ano que nunca devia ter começado, outros dois assassinos de Tim Lopes, também condenados a 23 anos, se credenciaram para privilégio ainda maior. Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho, e Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa, conquistaram o direito ao regime semi-aberto. Podem deixar a penitenciária para trabalhar e retornar no fim do dia, para dormir.
Alguém tem dúvida de que esses crápulas vão fugir e reintegrar-se ao bando que matou Tim Lopes?
O poder Judiciário acha que não.
Bando de velhacos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário