Paulo Nassar é professor de jornalismo na USP. É possível encontrar na internet um texto em que ele analisa a manipulação das fotos de guerra pelos fotógrafos, mentiras acolhidas sem questionamento pelas agências e pelos jornais e que funcionam como instrumentos de propaganda ideológica. Um dos exemplos que ele cita é o trabalho do fotógrafo Mohammed Saber, da agência EFE, que cobre o conflito na Faixa de Gaza. Ele analisa especificamente esta foto:
Veja o que diz Pedro Nassar:
"As edições de 1º de janeiro da Folha de S. Paulo e de O Estado de S.Paulo trazem uma foto de Mohammed Saber, da agência EFE , disponibilizada ao lado das manchetes principais das duas publicações que relatavam naquele dia os acontecimentos em Gaza. É uma foto dramática, cenográfica, que mostra um palestino colocando uma bandeira esfarrapada do Hamas no alto de escombros ao lado de uma mesquita em Gaza. Reforçando o que se vê na foto de Saber, a palavra destruição faz parte das legendas da Folha e do Estado. A imagem claramente revela a proposta política de seu autor e não há nada de errado nisso. O problema jornalístico que se coloca para os editores dos jornais paulistanos e para os seus leitores é que nada sabemos do que imediatamente está fora da foto. Em assuntos complexos como o de Gaza, os relatos fotográficos não deveriam ser tratados apenas a partir do que se vê dentro de uma moldura, apenas dentro de um enquadramento e de uma edição que privilegia o mundo visto e analisado em partes.
"No conflito entre Israel e os palestinos, as fotos produzidas, a partir de planos fechados e closes, pelas máquinas de comunicação e de propaganda dos dois lados deveriam ser vistas, até prova em contrário, pela mídia democrática e pelos leitores como retórica de guerra. Lamentavelmente, neste contexto, a foto de Mohammed Saber pode ser mais uma componente da crescente desconfiança gerada pelo jornalismo com alma de propaganda."
O blog comenta:
Mohammed Saber parece ser especialista em fotos difíceis de acreditar. São cenas tão "adequadas" que fica difícil imaginá-las como espontâneas. Não há naturalidade nos gestos. A proximidade da lente sugere montagem de cenário.
Não acredito na metade das fotos que chegam da Faixa de Gaza e dos protestos no mundo inteiro contra a ação israelense.
Não acredito nessas, por exemplo:
A primeira é de Mohammed Saber e, com todo respeito, parece um carro alegórico da fase hiperrealista de Joãozinho Trinta.
Esta não sei de quem é, mas é uma cascata evidente. Puseram aquela senhora diante de um muro com uma pichação contra Israel. Ela pode ter participado da armação de graça, digamos que por "idealismo". Mas é mentira.
4 comentários:
Voltarei mais tarde para um comentário "sério"; agora, só quero rir com o carro alegórico da fase hiperrealista do Joãozinho Trinta...
…”Mas foi Fintan O’Toole, filósofo-em-chefe residente do The Irish Times quem, afinal disse o indizível. “Quando expirará o mandato do vitimismo?”, perguntou ele. “Quando, afinal, o genocídio nazista dos judeus da Europa deixará de servir de desculpa, para livrar o Estado de Israel das barras dos tribunais internacionais e das leis regulares da humanidade?”
Você lembra daquela foto dos marines levantando a bandeira americana depois da conquista de Iwo Jima? Como todos sabemos, foi uma montagem. Era preciso mobilizar a opinião pública americana para redobrar o esforço e ampliar a coleta de fundos para a campanha.A guerra é sempre será irracional, caro Marona. Os meios de exercê-la e executar as missões é que são racionalizados com uma finalidade. É o velho papo da informação X contrainformação.
Aliás, a foto do cara com a bandeira verde esfarrapada e a mesquita pensa é ótima, seja propaganda ou não :-)
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