quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A guerra não é entre Israel e Palestina

Respondo a um comentário de Guido Cavalcanti sobre a ocupação da Faixa de Gaza.

Primeiro, o comentário dele. Abaixo, a minha resposta:

Caro Marona, nem vou comentar os detalhes que você tem se esforçado em oferecer aos leitores de seu blog, demonstrando com inúmeras citações a “moralidade” da batalha em Gaza. Como você bem deixou claro num dos primeiros posts, quando os bombardeios estavam começando: “a contestação às minhas idéias quase sempre faça com que me aferre ainda mais a elas - mesmo que esteja errado - não foram poucas as ocasiões em que, confrontado com bons argumentos, acabei por me render a eles.” Bem, eu não tenho a pretensão de demonstrar os seus "erros" e tampouco me interessam os seus “acertos”. Você é declaradamente engajado nas fileiras de Israel – e até ai tudo bem. Por meu lado, continuo mantendo minhas dúvidas se esta guerra é "apenas" entre judeus e palestinos. Se for só isso, então acredito que o uso da força por Israel é realmente desproporcional. Você e eu sabemos que Israel tem plena capacidade militar e operacional para infiltrar unidades de tropas especiais em Gaza e matar todos os líderes e muitos militantes do Hamas. Muitos soldados israelitas iriam morrer, mas a operação seria “limpa”. Uma clássica infiltração atrás das linhas inimigas. Com cobertura aérea e naval. Relativamente poucos civis iriam pagar o preço que agora estão pagando na carne literalmente. Israel mostrou em inúmeras operações que tem essa capacidade. Lembro agora de Antebe, mas não será fácil encontrar outras referências. Não haveria necessidade de empregar estes novos armamentos de destruição em massa como as bombas de titânio, cujo resultado parece ser horrendo no corpo humano. O que eu acho é que na verdade estamos assistindo o inicio de um novo mapa político do Oriente Médio. Nesse sentido, creio que muita coisa pode ser inferida das informações que se obtém jogando no Google a expressão "A Clean Break: A New Strategy for the Realm”. Então as coisas se tornam mais “reais”. Olhe como essa citação é interessante:(the) "real agenda in all this, of course, was to redraw the political map of the Middle East. Now that is code, whether you like it or not, but it is code for putting into place the strategy memorandum which was done by Richard Perle and his study group in the mid—90s, which was called 'A Clean Break: A New Strategy for the Realm'. And what it is, cut to the quick, is if you take out some of these countries, or some of these governments, that are antagonistic to Israel, then you provide the Israeli government with greater wherewithal to impose its terms and conditions on the Palestinian people. . .But that is the real agenda. You can put weapons of mass destruction out there, you can put terrorism out there, you can put liberation out there. Weapons of mass destruction got hard—headed realists on board, through a bunch of lies. . .


Respondo:

Meu caro Guido:

Quando escrevi que as contestações às minhas idéias podem fazer com que me apegue ainda mais a elas, estava fazendo uma concessão ao debate. É claro que não me considero o único a fazer isto, mas quis mostrar - com vaidade - que sou capaz de admití-lo. Citava um defeito humano muito comum e tentava mostra que seria muita arrogância me excluir dele.

Você diz que esta guerra não é necessariamente entre judeus e palestinos. Concordo integralmente.

Para começar, é entre Israel e o grupo terrorista e golpista Hamas. Os palestinos entraram de gaiatos mais ou menos inocentes e deviam saber disso quando votaram no Hamas. Poderiam imaginar que o Hamas não planejava contruir estradas ou inaugurar escolas na Faixa de Gaza, mas armar-se para atacar Israel, com apoio do Irã e do Hezbolah.

Trata-se também de uma guerra de informação entre Israel e seus pouquíssimos aliados e uma aliança involuntária (nem sempre) entre a esquerda global, a extrema-direita e a mídia internacional, grande ou pequena.

Mas, na verdade, é muito mais do que uma guerra entre Israel e o Hamas (ou a Palestina, vá lá).

É uma guerra entre estilos de vida e de morte incompatíveis.

É uma guerra entre a democracia israelense e ocidental e o fascismo islâmico.

É uma guerra entre a civilização, com seus defeitos, e o terror, sem nenhuma qualidade.

É uma guerra entre o secularismo (com liberdade religiosa) e a teocracia (com a barbárie religiosa que propõe a eliminação de qualquer outro credo além do islamismo).

Também já li que os judeus usam bombas de fósforo. Essas, e suponho que as de titânio, deixam marcas horrendas nos corpos das vítimas. Estou pronto a me opor radicalmente ao uso de armas deste tipo nesta e em qualquer guerra. Mas pergunto: com tantas fotos diárias, feitas por palestinos, de vítimas palestinas militares e civis do ataque israelense, por que nenhuma vítima destas bombas foi mostrada? Uma foto, uma única imagem, e Israel estaria definitivamente desmoralizado.

Cadê?

7 comentários:

Unknown disse...

Admiti-lo nunca teve acento. Além do seu reacionarismo, erros frequentes como esse me desanimam a ler seu blog.

Anônimo disse...

Que pena!
Eu nunca sequer pensei em ler o seu.
Sai fora, petralha!
Vai procurar tua turma.

Zé Carlos disse...

Marona,

Quando vejo comentários contra o Hamas fico me perguntando:

Como "convertê-los" a aceitar a democracia?

Uma democracia significa "governo do povo, pelo povo e para o povo". Pois bem deveria ser acrescentado "em um determinado território".

Quando os democratadas pregam que a unica saida para as causas de terroristas é a instituição da democracia só restam duas formas:

Ou se ajuda àquele povo a instaurar a democracia ou acaba com o mal na raiz.

O que sempre desejei demonstrar a voce, sem sucesso, é o fato cristalino de que a Israel não é interessante destruir somente Hamas mas sim os "motivos" que alimentam sua existencia.

Anônimo disse...

José Carlos:
Não é que vc não tenha obtido sucesso. É que eu discordo de qualquer interferência de um estado sobre o outro. Israel não tem o papel de "levar" a democracia à Palestina. O que todos os meus textos indicam é que Israel TEM DIREITO DE REAGIR AOS 2.232 foguetes disparados pelo Hamas contra o país nos últimos dois anos. SÓ ISSO! Quem vai democratizar a Palestina são os palestinos, se quiserem. Mas se puserem pelo voto um grupo terrorista no poder, devem saber que podem ter problemas.Como aconteceu. Não ceio em democracia em países dominados por teocracias islâmicas. É possível que parte dos povos dessas teocracias queira regimes seculares e democráticos. Talvez sejam maioria, um dia.
Duvido.
Mas que vença o império da lei: terrorismo é crime, atacar um país continuadamente dá a ele o direito de responder, um país dominado por terroristas ÑÃO PODE bomba atômica. E por aí precisa ir...

Leo Lagden disse...

A busca por informação sobre este conflito acaba por nos deixar mais tontos do que cego em tiroteio.
São diversas vertentes, mas com o advento da internet e de seus blogs espalhados pelo mundo, conseguimos ter uma visão mais ampla.
Além do seu blog, gosto muito do blog A Lenda (www.rafaelfortes.wordpress.com).

Zé Carlos disse...

Marona

Sua visão dos fatos é correta. Israel tem o direito de revidar a ataques de qualquer país.

O problema é onde fica Israel.

Acho que de alguma forma para a condinuidade do Estado Judeu na região alguma concessão e investimento deverá ser feito.

Os Palestinos não podem mais ser cidadãos de segunda classe no mapa geo-politico da região.

Se nada for feito neste sentido a tregua costurada agora só durará o tempo do Hamas (ou outro grupo criado pelo ódio) se rearmar.

Guido Cavalcante disse...

Obrigado, Marona, por seus comentários. Naturalmente não posso concordar com a sua maneira de ver os fatos, embora ambos concordemos que esta não deveria ser uma guerra de israelitas contra palestinos.

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