domingo, 21 de junho de 2009

Por celular: o assassinato de Neda

Ela se chamava Neda. Tinha entre 16 e 18 anos. Era uma das milhares de manifestantes nas ruas de Teerã contra a fraude que elegeu Ahmadinejad. Estava acompanhada do pai, que aparece nas imagens com uma camisa azul listrada.

Foi atingida pelo tiro de fuzil de um dos paramilitares do governo fascista.

Morreu diante da câmera de um celular e a imagem está correndo o mundo.

As imagens são chocantes, mas num blog entra e clica quem quiser. Se fosse TV aberta eu editaria, preservando a denúncia, mas evitando o abuso de cenas sangrentas.

Antes que eu alguém acuse o blogueiro de ser contra Ahmadinejad, explico: é verdade. O blog é contra o regime atual e torce por sua queda, provavelmente para ser, depois, contra o novo regime, enquanto o Irã não for um país verdadeiramente democrático.

E "verdadeiramente democrático, sim, significa democrático como são as democracias ocidentais, não teocráticas e não islâmicas.


Um comentário:

Guido Cavalcante disse...

Estou com vc - totalmente contra o regime ditarial no Irã e onde quer que haja mais algum! O que significam muitos países. Mas vamos ao que interessa além da minha opinião pessoal: o regime do Irã tem uma das censuras mais eficientes do mundo. Eles implementaram um sistema de controle e censura da web com suporte da Siemens e da Nokia, que permite o controle e o exame dos conteúdos das comunicações online ao nivel do indivíduo e numa escala massiva. O governo iraniano está habilitado a exercer o chamado Deep Packet Inspection, que permite às autoridades monitorar não só a conexão, mas controlá-la para recolher informações sobre os indivíduos, bem como alterá-la para fins de desinformação. A Siemens e a Nokia se juntaram em 2008 numa joint venture, chamada Nokia-Siemens Network e venderam para o governo do Iran esse sistema.

A inspeção do Deep Packet busca o material em um fluxo de dados online, a partir de e-mails e telefonemas na Internet, que transmitem imagens e mensagens em sites de rede social como o Facebook e o Twitter. Cada pacote de dados online digitalizado é desconstruído e examinado por palavras-chave e reconstruído imediatamente dentro de milissegundos. No caso do Iran, isto é feito para todo o país em um único ponto

A infiltração de tráfego online iraniano poderia explicar a razão pela qual o governo permitiu que a Internet continuasse a funcionar - e também porque que a velocidade de transmissão tem sido tão lenta desde que os resultados da votação presidencial impulsionaram as demonstrações. A Internet no Iran desacelerou para menos de um décimo da velocidade normal, porque a inspeção do Deep Packet atrasa a transmissão de dados on-line, a menos que seja compensada por um aumento enorme do seu poder de desconstrução de dados e a reconstrução em seguida.

Os grupos de defesa dos direitos humanos criticaram muito a venda desses equipamentos para o Iran e para outros regimes políticos repressivos. Criticada, a Nokia respondeu que “não escolhe onde fazer negócios”. Parece que não só as ditaduras estão interessadas nesses pacotes de controle da web – pois as chamadas democracias também estão, como a Alemanha e a Inglaterra.
Saiu um texto hoje no Wall St. Journal que pode ser lido aqui:

http://online.wsj.com/article/SB124562668777335653.html#mod=rss_whats_news_us

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