Por Guido Cavalcante
COLTAN: A palavra pode ate ser uma novidade pra você, mas o coltan está dentro do seu celular, do seu laptop, em pagers, gamedesks e outros equipamentos eletrônicos. “Coltan” é a combinação de duas palavras que correspondem aos respectivos minerais: a columbita e a tantalita, dos quais se extraem metais mais cobiçados do que o ouro.
Se tomarmos em conta que estes metais são considerados altamente estratégicos e se agregarmos que as suas maiores reservas encontram-se na República Democrática do Congo, começaremos a vislumbrar porque dois países africanos como Ruanda e Uganda ocupam militarmente parte do território congolês.
O coltan é essencial para o seu telefone celular tanto quanto para as estações espaciais, naves tripuladas e armas sofisticadas.Os principais produtores mundiais são a Austrália, o Brasil e essencialmente a República Democrática do Congo, que possui cerca de 80% das reservas mundiais, localizadas numa zona que faz fronteira com o Ruanda e o Uganda.
Estes dois países, não sendo produtores, são dois dos principais exportadores deste produto que é importado por empresas de países capitalistas como os Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Holanda, onde é refinado. Como é que Ruanda e Uganda entram neste negócio? Da maneira clássica: simplesmente invadiram o vizinho Congo, ocuparam amplas parcelas do seu território e provocaram uma guerra que dura desde 1996 e já provocou mais 5 milhões de mortos (o que dá a média macabra de mais ou menos 1000 pessoas por dia).
São violados os mais elementares direitos das populações, com a aplicação do trabalho forçado e da mão obra infantil, incluindo crianças de sete, oito anos, que são forçadas a deixar a escola para escavar as minas, chegando a juntar famílias inteiras na mineração. O que adiciona gravidade a esta pirataria é a passividade da comunidade internacional.
A receita é simples: as empresas de tecnologia eletrônica compram o coltan dos “mineral traders” que, por sua vez, negociam a compra do composto mineral dos bandos armados na África que dominam a exploração. E existem poucas opções, para obter o composto, pois a Austrália fechou recentemente as suas refinarias.
Esta série de links vai dar uma idéia clara da situação: http://allafrica.com/stories/200905150866.html - senado dos EUA rastreando a exploração do Coltan http://www.willthomasonline.net/willthomasonline/Blood_Phones.html telefones sangrentos http://www.cellular-news.com/coltan/ - Gorillas, Celullares e Coltan http://www1.american.edu/TED/ice/congo-coltan.htm A guerra do Congo e o papel do Coltan http://www.grandslacs.net/doc/2343.pdf European Companies and the Coltan Trade http://www.wcs.org/353624/194657 Coltan e Gorillas http://www.smh.com.au/news/technology/out-of-africa-the-blood-tantalum-in-your-mobile-phone/2009/05/08/1241289162634.html The blood tantalum in your mobilie phone http://www.tanb.org/coltan.html - site da Tantalum-Niobium International Study Center (T.I.C0 - selecionei a página sobre o Coltan.
Em www.dnpm.gov.br a Economia Mineral - Sumário Mineral Brasileiro
E finalmente um documentário de 2008 - Blood Coltan - http://video.google.com/videoplay?docid=4473700036349997790, que é muito interessante e no final mostra entrevistas com os comerciantes de Coltan e uma com um executivo da Nokia.
7 comentários:
Caro Marona, ademais de você ter publicado o email que lhe enviei, a honra é maior por ser você o único jornalista no Brasil que teve a grandeza de mostrar a dimensão desse fato horrendo e que ninguém quer ver. No texto devemos incluir o número medonho de 250 mil mulheres estrupadas nessa guerra. Enquanto isso, o consumo de celulares atinge as raias da loucura - apenas para dar um exemplo, cerca de 426 mil celulares eram jogados no lixo todos os dias nos EUA. Vamos considerar que o número tenha caído pela metade depois da crise financeira, ainda assim seriam 213 mil telefones celulares jogados fora todos os dias. Creio que seria interessante descobrir os números do consumo no Brasil, onde "todo mundo" tem dois aparelhos...
Desculpe pela grafia louca de "estupradas" acima, que não vou repetir aqui :-D
O mais estarrecedor é que o mundo se cala a respeito dessa tragédia.
O consumismo e o capitalismo prevalece sobre todas as questões humanitárias, sempre.
Enquanto as classes ricas e médias, estiverem com seus instintos consumistas saciados, não importa quem paga a conta. Pode ser um país africano, crianças em trabalho escravo no Oriente ou no interior de um país latino-americano.
Excelente post, que deveria ter uma maior repercussão.
Colocarei em breve no Blog do Argônio, com os devidos créditos, pois acredito na força da rede blogueira.
Eu também fiquei chocado Leo, quando comecei a pesquisar sobre esse composto mineral algumas semanas atrás, lendo sobre Rwanda no antiwar.com e dai cheguei ao material sobre este composto mineral e as consequências funestas de sua exploração. Tampouco havia lido ou ouvido falar antes, como se o genocídio no Congo fosse apenas o resultado de guerras tribais entre hutus e tutsis. Os verdadeiros beneficiários são as grandes empresas de tecnologia que agora começam a se mexer pra garantir a "limpeza" de suas fontes. Entretanto, a China por exemplo, onde estão grandes indústrias de celulares & eletrônicos (Nokia, Motorolla, Sony), não tem o menor controle e nem se importa de que maneira o coltan é extraído. Acho que a situação não vai mudar muito, pois o coltan do Congo é mais barato do qwue o produzido em outras regiões como a Austrália que, dado o arrefecimento do mercado, já desativou algumas minas. Legal você por no seu blog, que conheci graças ao nosso querido Marona.
excelente nota, parabéns.
Parabens, Marona.
Os blogs prestam um serviço maravilhoso em contraposição desta midia vendida.
Saudações, posso colocar este texto no meu blog, com as devidas referências e link deste blog?
De qualquer forma, obrigado pelas informações!
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