terça-feira, 28 de março de 2006

Impunidade da imprensa está garantida

Uma internauta pergunta: "E a Época, sai ilesa?"

Tenho uma má notícia para ela: sai, sim, assim como incólumes passarão todos os jornalistas que costumam fazer dessas crises o seu momento de glória.

Jornalista adora vestir o manto da cruzada moral. Se orgulha das matérias que ajudam a destruir reputações.

Eu vi repórter feliz da vida porque escrevia matérias com denúncias, nunca comprovadas, contra Leonel Brizola no Rio.

Vi repórter tomado por excitação febril ao assinar textos em que acusava Ibrahim Abi-Ackel de ladrão.

Vi prazer nos olhos de jornalistas que imputaram a Alceni Guerra crimes que até hoje não se sabe se ele cometeu.

Vi a felicidade estampada no rosto de repórteres que ajudaram a cassar Ibsen Pinheiro.

Vi a vaidade de um jovem repórter que, na época da crise que apeou Collor do poder, encontrou colegas num fim de tarde num boteco de Brasília, jogou o paleto sobre a cadeira, sorriu, suspirou e, vaidoso, afirmou: "Derrubar presidente cansa!"

Também vejo, hoje, uma novíssima geração de repórteres radiante por forjar testemunhas de acusação de fraude eleitoral, além de denunciar pracinhas abandonadas e pavimentações malfeitas apenas porque com isso sente-se no comando de uma batalha sagrada contra o populismo de Garotinho e Rosinha.

E antes que alguém tome a iniciativa, vou logo afirmando: eu mesmo fui editor de algumas dessas cruzadas. Mas nunca me jactei disso.

6 comentários:

Anônimo disse...

Melhor limitar-se ao sapo que levita. Né mesmo, Marona?

CFagundes disse...

Aí quando se tem qualquer iniciativa de controlar a impresa, ela chia "isso é censura, ai-5!"

Eu acho que tem que se elaborar um mecanismo de analise das imprensas sim.
Não tem nada a ver com tirar liberdades.

Pequena correção: cris(meio feminino, né?)é de cristiano, um internauta muito macho.
Um abraço.

leonardo marona disse...

a questão é: esse controle tem que partir de um grupo. algum grupo formado de pessoas "capacitadas" tem que escolher esse grupo. esse grupo deve ser formado por pessoas isentas (diz-se, sem interesse pessoal no centro do poder político). primeira contradição: se uma não tem interesse no poder político, como pode avaliá-lo, através dos órgãos de imprensa, cujos erros e mesquinharias são estreitamente ligados com a corrupção do poder público? quem seria isento o suficiente para formar esse grupo palatino? se existe algo ou alguém capaz de vigiar a imprensa, são os jornalistas competentes, só.

Anônimo disse...

Eu discordo. Infelizmente todos tempos opções pessoais e se for formado um órgão que controle a imprensa podemos ter perseguições, por mais bem escolhido que sejam seus membros. Por estarmos num regime democrático, ainda acho que quem escolhe o que é bom ou ruim e deve aprsentar sanções é o leitor e a Justiça, não um grupo de brilhantes jornalistas.

Luiz Carlos FS Marques disse...

A imprensa, ou quem quer que seja, não deve ser responsabilizada civil e criminalmente por compactuar de um ato ilícito?
A liberdade de expressão e sigilo de fontes tem limites, ou não?

CFagundes disse...

É verdade que a idéia de um orgão controlador soe como se fosse algo repressivo. Acho que a criação de um orgão do gênero cairia facilmente no policiamento. Não deve ser um grupo de brilhantes jornalistas, apenas um grupo de pensadores, um bom senso coletivo com voz para confrontar as injustiças publicadas pela imprensa, sem segundas intenções. Não deve ser governamental, tem que ser uma livre e espontânea manifestação de repúdio, por um grupo de pessoas de bom senso.

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