Eleição decidida, o Grêmio salvo de um novo rebaixamento e disputando vaga na Libertadores, vamos ao que realmente interessa:
O carro de uma agência funerária deixou cair um caixão nas ruas de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Dentro, havia um cadáver, que passou a ser procurado durante a madrugada pela família e por um batalhão de papa-defuntos.
Mas quem essa história muito melhor é o colunista de Zero Hora, Paulo Santanna, cujo texto reproduzo aqui:
Na madrugada de anteontem, trafegava pela principal avenida de Gravataí um carro fúnebre. Parou na sinaleira e, quando arrancou, deixou cair o caixão de defunto no leito da avenida. O motorista do carro fúnebre não percebeu que o caixão de defunto tinha caído na avenida e seguiu viagem (tudo isto está descrito na página 38 de Zero Hora de ontem). Uns rapazes que estavam ali por perto num bar foram retirar o caixão do meio da rua, mas não puderam, estava muito pesado. Chamaram outros para ajudá-los. Seis pegaram pelas alças do caixão e o depositaram na calçada. Por curiosidade, foram abrir o caixão para ver por que estava tão pesado. Madrugada alta na avenida, a cena que viram foi de arrepiar os cabelos: havia um cadáver dentro do caixão, de uma senhora de mais ou menos 70 anos. Tudo isso acontecendo de verdade na principal avenida de Gravataí. Seis jovens velando na calçada um corpo de uma mulher que nenhum deles conhecia.
Dali a minutos, o carro fúnebre estacionou defronte à casa da defunta, onde dezenas de familiares e amigos a esperavam para dar início ao velório. Quando foram acompanhar o motorista do carro fúnebre até a carroçaria da camioneta para transportar o caixão para dentro da capela funerária, não havia caixão nem defunta. O motorista não sabia o que explicar.
Tínhamos então um quadro surrealista em Gravataí. Faltava um cadáver para um grupo de familiares e amigos da defunta e sobrava um cadáver para os seis rapazes que custodiavam o caixão com o cadáver na avenida principal da cidade. Os da capela perguntavam aflitos: "Onde está o cadáver?" Os rapazes da avenida indagavam incrédulos com a cena patética que protagonizavam: "O que vamos fazer com este cadáver?"
A essa altura, a funerária tratava de descobrir o caixão com a defunta e acionou o sistema de rádio. Dizia a central da funerária para os seus cinco carros fúnebres: "Atenção todos os carros. Desapareceu às três horas da manhã a senhora Fulana de Tal, ainda com paradeiro ignorado. Câmbio". O primeiro carro perguntou: "Atenção central. Para onde se dirigia a desaparecida quando desapareceu? Câmbio". A central: "Atenção carro 1: a desaparecida se dirigia provavelmente para um enterro. Câmbio".Voltou a perguntar o carro 1: "Enterro de quem? Câmbio". A central: "Dela mesma. Câmbio".
O motorista do carro 2 da funerária, aquele mesmo que tinha perdido a defunta, passou a procurar por ela em todos os cantos de Gravataí. São quase quatro horas da manhã a essa altura. E o motorista do carro fúnebre passou numa esquina, viu um homem parado e perguntou: "O senhor viu algum defunto por aqui?" Resposta do homem: "Aqui não passou nenhum".
Mais tarde, a polícia achou o caixão e a falecida, justamente chorada por sua pesarosa família, e tudo voltou ao normal. Mas que a realidade aqui juntinho de nós suplanta a ficção, disso não há dúvida nenhuma.
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