terça-feira, 15 de abril de 2008

Italiano não sabe votar

Na segunda-feira, durante a caminhada matinal obrigatória pela Urca, encontrei Giusepe, feliz da vida diante da banca de revistas. Jornal do dia nas mãos, lia empolgado o noticiário sobre a eleição na Itália:

- Desta vez nos livramos do palhaço - quase gritava o neto de italianos há algum tempo às voltas com o pedido de dupla cidadania, referindo-se a Sílvio Berlusconi.

Concordei com ele, também entusiasmado. O noticiário internacional dos jornais nos levou a acreditar que Berlusconi estava acabado e que, finalmente, a Itália e a Europa se livrariam de um histriônico autoritário e populista. Que nada!

O sujeito ganhou e ganhou muito bem a eleição. Formará um governo com confortável maioria e completará 14 anos no poder. Será apoiado, provavelmente chantageado, pela fascista Liga Norte. A repressão sobre os imigrantes deve aumentar.

O erro de previsão da imprensa é mais do que um equívoco, é desejo que a realidade desmente. Vive acontecendo e, não duvidem, pode ocorrer de novo nos Estados Unidos, na sucessão de Bush. Berlusconi não venceu porque é melhor. Mario Pirani, velho editorialista do La Repubblica, de Roma, faz uma análise corajosa em entrevista reproduzida no Globo, hoje:

- O comentário mais ouvido na TV foi o provérbio que diz que os eleitores sempre têm razão...

- Não concordo. Os eleitores americanos elegeram Bush e erraram, os eleitores alemães que em 1933 votaram em Hitler também. Não quero dizer que Berlusconi nos levará à guerra, mas nem sempre a maioria aposta na melhor solução.

Mas Mario Pirani também errou: previu a vitória da oposição.

Um comentário:

CFagundes disse...

Não se ouve falar em Italia ha muito tempo. O país tem o dom da invisibilidade, não toma iniciativas, não se destaca na comunidade internacional em nenhum aspecto. A Itália é mesmo uma bota entalada no cú de uma Europa estagnada.
Quase uma Alemanha, não fossem as boas tetas com Catupiry de Angela Merkel.

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