Se a histórica decisão do STF liberando integralmente pesquisas com células-tronco retiradas de embriões congelados em clínicas de fertilização foi manchete de praticamente todos os jornais formadores de opinião do país, aqui no Rio registrou-se uma exceção: todos os jornais deram de manchete a acusação da PF a Garotinho como chefe político da quadrilha comandada por Álvaro Lins.
Lins não era tão importante. O que interessava era mostrar que Garotinho é denunciado como chefe.
O Globo fez barba, cabelo e bigode: dois terços da primeira página, um editorial e seis páginas na edição de cidade. O tom é de indisfarçável celebração. Garotinho é chamado de poderoso chefão e, numa das páginas, publica-se um perfil dele em tom de funeral. Para o Globo, o homem está morto politicamente e, se tudo correr bem, quem sabe até preso. O jornal chega a publicar foto da equipe reunida para preparar a edição funéreo-comemorativa.
Será que está morto mesmo?
Será que vai preso?
No pé de uma das matérias, em declarações que O Globo escondeu como pôde, o delegado da Polícia Federal que prendeu Álvaro Lins explica porque não prendeu Garotinho e sequer pôde pedir a prisão do ex-governador:
"Não há provas de que Garotinho tenha se beneficiado financeiramente da quadrilha de Álvaro Lins".
"Não há provas até o momento de que Garotinho estivesse diretamente ligado às ações criminosas de Álvaro Lins e da quadrilha".
Isto significa que estamos diante de um poderoso chefão que não ganhou dinheiro com os roubos que comandava e tampouco tinha ligação com as ações dos seus comandados?
Não sei, não, mas acho que, a não ser que a polícia apresente novas provas em breve, isto vai acabar apenas em mais um processo de Garotinho contra as Organizações Globo. Que, de qualquer forma, também não dará em nada.
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