sexta-feira, 20 de junho de 2008

Colapso nas entranhas do Rio

Na Holanda, o primeiro-ministro vai para o trabalho de bonde.

Nos países do norte da Europa, nem chama atenção o fato de autoridades usarem transporte coletivo, há muitos anos.

Até o governador do Rio, quando está em Paris, anda de bicicleta.

Por aqui, deveria ser aprovada uma lei ou norma de conduta que obrigasse prefeito, governador e secretários de transportes a andar de ônibus, metrô e barcas pelo menos um dia por semana.

Podem ter certeza: o transporte coletivo do Rio seria melhor.

Qual foi a última vez que uma dessas autoridades desceu ao subterrâneo do metrô, exceto para inaugurar estações? Se fizessem isto de vez em quando saberiam o que para todos os usuários já é evidente: o metrô do Rio está prestes a entrar em colapso.

Ontem, em plena hora do rush da tarde, a Linha 1 do metrô ficou parada por 45 minutos, em ambos os sentidos. As plataformas ficaram super-lotadas, os vagões, abarrotados, viraram um ambiente de pânico e enorme desconforto. Carros fechados, sem luz, sem ar condicionado, gente passando mal e nenhuma, absolutamente nenhuma informação da empresa sobre as causas da paralisação.

A notícia saiu hoje nos jornais, mas este tipo de situação acontece com muita freqüência e raramente é noticiada.

Muitas vezes, o metrô pára porque algum suicida se jogou diante de uma composição. Mas todas as companhias do mundo têm equipamento e funcionários treinados para liberar rapidamente a linha. Têm, também, seguranças em número suficiente dentro das estações para inibir atos de vandalismo e suicídios. No Rio, só há seguranças na parte superior das estações.

O metrô é o mais moderno meio de transporte urbano em qualquer cidade do mundo, menos no Rio, onde a passagem é cara - a mais cara do Brasil -, o número de composições cada vez menor, e o tempo entre a passagem das composições aumenta visivelmente, abarrotando os vagões e deixando muita gente nas estações, por falta de lugar. Como se não bastasse, grande parte das estações não tem acesso para deficientes.

Os jornais do Rio estão bobeando. Ponham uma equipe andando de metrô durante uma semana e terão uma reportagem forte e de grande repercussão popular. Talvez, assim, mobilizem as autoridades a tomar alguma providência.

Ou será que jornalista também não anda de metrô?

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