O Tribunal Regional Eleitoral do Rio tem sido ágil e rápido na perseguição dos chamados candidatos de ficha suja. Lidera no país um movimento de tribunais regionais para vetar a participação deste tipo de político na eleição do fim do ano, ainda que o Tribunal Superior Eleitoral tenha decidido que ninguém pode ser impedido de concorrer por estar sendo processado, até ser condenado em última instância.
Trata-se de uma cruzada ética elogiável, apesar de sugerir a desobediência a um tribunal superior, ao qual os TREs estão subordinados.
Trata-se, também, de uma cruzada que tem espaço favorável garantido na imprensa, como mostra a manchete de hoje do Globo. Ponto para o TRE, então.
O que fica difícil de entender é porque, sendo tão visível e veloz no combate aos candidatos de ficha suja, o TRE do Rio tem sido tão discreto e lento no exame da denúncia de que o senador Marcelo Crivella está usando, desde dezembro, as obras no Morro da Providência para fazer campanha eleitoral fora de época.
O senador distribui santinhos e produziu um vídeo de mais de 3 minutos em que se apresenta como se fosse o verdadeiro autor das obras, feitas na verdade com verba do ministério das Cidades. O vídeo abre com a seguinte descrição: "Projeto Cimento Social Marcelo Crivella".
Acionado por outros pré-candidatos a prefeito, que pediram a suspensão das obras e a retirada das ruas dos panfletos e do vídeo, o TRE investiga o assunto há mais de um mês e, como noticia o Globo, somente ontem notificou o ministério das Cidades para dar informações sobre o convênio firmado com o Senador.
Isto significa que só tomou cobrou explicações do governo cinco dias depois do incidente envolvendo o Exército, usado para proteger as obras, que resultou na morte de três jovens do Morro da Providência.
O TRE informou que ainda aguarda, para a próxima semana, uma resposta do Exército ao fato de estar contribuindo para um projeto sobre o qual pesa a suspeita de uso da máquina pública com fins eleitorais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário