segunda-feira, 9 de junho de 2008

Minha defesa: frívolo é o cacete!

No trecho que se refere à minha atuação como editor-chefe do Jornal Nacional, o site criado pela TV Globo para relatar suas memórias comete uma ou outra injustiça, ainda que tenha respeitado a verdade de forma geral.

Afirma que, ao assumir, imprimi uma nova linha ao telejornal, o que é verdade. Não afirma, porém, que não tomei esta decisão por conta própria, mesmo porque ninguém tem carta branca para isso. Fui orientado pelos acionistas e por Evandro Carlos de Andrade a fazer um programa mais popular, para enfrentar uma histórica queda de audiência, imposta supostamente pelas novelas mexicanas do SBT, desde que não adotasse a linha sensacionalista que marcara o ano anterior, quando o JN chegou a ser acusado de copiar o “Aqui Agora”, telejornal popularesco da emissora de Sílvio Santos.

Decidi, em comum acordo com a direção de jornalismo, aumentar o espaço para matérias que chamamos de “humanas”, reportagens comoventes e também assuntos mais leves – uma opção editorial que não poderia inibir o noticiário de denúncia e nem reduzir excessivamente o hard news do dia. É claro que, com um cardápio mais variado e extenso, o equilíbrio seria um desafio permanente. E nem sempre foi alcançado.

Mas de maneira geral o tempo em que estive à frente do JN foi um dos períodos em que o telejornal mais dedicou espaço a reportagens em defesa dos direitos humanos. Os prêmios recebidos nesta época sustentam o que estou afirmando. E o próprio texto do site da Globo acaba por confirmar isto.

Também é incorreto afirmar, como faz o site da Globo, que eu privilegiei notícias sobre “a vida de celebridades”. O único caso importante em que isto aconteceu foi o nascimento da filha da apresentadora Xuxa. Não é correto considerar que explorei a vida de celebridades ao cobrir com grande destaque as mortes de Renato Russo, Frank Sinatra, Leandro(que fazia dupla com Leonardo) e Paulo Francis.

Todo mundo sabe que, além do excesso de tempo a Sasha, pelo qual fui muito criticado, embora tenha defendido em depoimento ao próprio Projeto Memória, nunca dei espaço no JN à vida de celebridades. A bem da verdade, cobri com amplo destaque a morte de algumas delas.

Quanto às matérias com animais, é verdade. Sempre que dispunha de uma boa reportagem sobre o assunto, a exibia, geralmente nos encerramentos dos blocos.

No mais, não deixa de ser engraçado que o site da memória da Globo se defenda com unhas e dentes de acusações gravíssimas, como a manipulação da cobertura da campanha das diretas, mas desista de fazê-lo no caso da Xuxa. Ficou mais fácil crucificar um editor-chefe que não está mais lá.

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