segunda-feira, 9 de junho de 2008

Marona: editor de frivolidades?

Eis o que o site sobre a memória da Globo diz sobre a minha passagem pelo Jornal Nacional (os grifos ao texto são meus). No próximo post, acima desta transcrição, eu faço ressalvas ao texto ou à memória da Globo:

Em setembro de 1996, Amauri Soares deixou o comando do Jornal Nacional para assumir a direção do jornalismo de São Paulo. Foi substituído no telejornal por Mário Marona.
- Assim que se tornou editor-chefe do JN, Marona realizou mudanças, mantendo o espírito noticioso do telejornal em todas as áreas, mas aumentando a participação das matérias leves e de comportamento.
- A mudança, em alguns momentos, gerou críticas à TV Globo. A principal acusação era que a emissora estava deixando em segundo plano notícias relevantes para privilegiar curiosidades do mundo animal e a vida de celebridades. Foram dois os assuntos polêmicos. O primeiro foi a edição do dia 28 de julho de 1998, quando nasceu Sasha, filha da apresentadora Xuxa. O assunto ocupou mais de dez minutos do noticiário, enquanto o leilão da Telebrás e da Telesp, que iria acontecer no dia seguinte, ficou com menos de quatro minutos. Outra polêmica foi gerada por três extensas reportagens sobre o romance de uma macaca do zoológico de Brasília, exibidas entre março e maio de 1998.
- Um episódio marcante do Jornal Nacional, nesse período, foi a entrevista exclusiva com Fernando Collor, realizada pela repórter Sônia Bridi, em março de 1997, quase cinco anos depois do impeachment. A entrevista foi gravada em Miami, onde o ex-presidente estava morando. Collor concordou em falar ao telejornal desde que a conversa não fosse editada ou cortada. E assim foi. A entrevista durou 11 minutos e acabou ocupando todo o último bloco do telejornal. O Collor que os telespectadores viram no vídeo parecia totalmente descontrolado. Irritado com as perguntas, gritou, deu socos na mesa e chegou a chamar a repórter de “filhotinha”.
- As questões relativas à defesa dos direitos humanos ocuparam progressivamente a pauta do Jornal Nacional. Em 1997, por exemplo, foram produzidas pelo telejornal várias matérias sobre trabalho infantil. Foram mostradas diversas áreas pobres do Brasil onde crianças deixavam de freqüentar a escola para ajudar no sustento das suas famílias. Em 1999, foram ao ar denúncias de exploração de mão-de-obra escrava em fazendas na Amazônia e no Pará, contribuindo para a conscientização da população e das autoridades.
- Entre as várias reportagens de denúncia desse período, merece destaque a do jornalista Marcelo Rezende sobre a violência policial, exibida no Jornal Nacional em 31 de março de 1997. As imagens, gravadas por um cinegrafista amador, mostravam um grupo de policiais militares extorquindo, espancando, torturando e humilhando pessoas em uma blitz na Favela Naval, em Diadema, subúrbio de São Paulo. Em uma das cenas, um policial aparece executando um passageiro dentro de um carro. O caso foi assunto do JN durante toda a semana. Naquele período, o país viveu sob o impacto das imagens que exibiram a truculência da polícia militar. As reportagens chocaram o país. A TV Globo recebeu inúmeros telefonemas, faxes e mensagens via Internet, que manifestavam a indignação da população. A Assembléia Legislativa de São Paulo logo anunciou a criação de uma CPI para apurar o caso e, em 3 de abril, foi aprovado pelo Congresso o projeto de lei que transformava a tortura em crime punível com pena de até 21 anos de prisão. Também no dia 3, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou a proposta de emenda constitucional que federalizava os crimes contra os direitos humanos. Em setembro daquele ano, o repórter Marcelo Rezende recebeu o Prêmio Líbero Badaró de jornalismo.

Prêmios recebidos no período em que estive à frente do JN:

1996 – Troféu Imprensa de melhor telejornal
1997 – Prêmio da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte e Prêmio Líbero Badaró na categoria telejornalismo para a matéria Violência policial em Diadema, do repórter Marcelo Rezende.
1998 – Prêmio Líbero Badaró para matéria sobre problemas causados pelos agrotóxicos dos repórteres Lucius de Mello e Alberto Gaspar, e para a matéria Denúncia de venda de armas do repórter Marcelo Rezende; Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo na categoria televisão para a matéria sobre Trabalho infantil do repórter Marcelo Canellas; Prêmio de melhor noticiário da APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte.

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