quarta-feira, 16 de julho de 2008

Um inocente assassinado por semana no Rio

Meu comentário das 9 e 30 na Rádio Mundial AM1180:

A Polícia Federal e a Polícia Militar do Rio disputam a primazia pelas manchetes dos jornais. Por enquanto, a PF está vencendo, mas a PM tem feito grande esforço para virar o jogo, ao matar praticamente um inocente por semana.

Mas vamos às manchetes de hoje.

Em praticamente todos os jornais brasileiros, a manchete é uma bomba: o afastamento dos delegados que pediram a prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e mais 14 suspeitos de crimes do colarinho branco.

Eles estão soltos e os delegados foram expulsos da investigação.

Nem os maiores oposicionistas que se reunissem para bolar uma maneira de desmoralizar completamente o governo e a PF teriam tido uma idéia tão boa.

Segundo os jornais de hoje, o delegado Queiroz foi afastado porque o ministro da Justiça, Tarso Genro, considerou a atuação dele um desastre político.

Queiroz entrou em choque com o Supremo Tribunal Federal, entrou em conflito com o Palácio do Planalto, ao envolver dois ministros na investigação, e entrou em rota de colisão com o seu chefe, o diretor-geral da PF, por não avisá-lo sobre a operação que prendeu Dantas e sua turma.

Outra versão é que o delegado Protógenes Queiroz foi punido por indisciplina. Teria cometido pelo menos cinco atos de insubordinação: convidar agentes da Abin para participar da operação, fazer das prisões um show com o desnecessário uso de algemas nos presos, entregar a exclusividade da cobertura das prisões à TV Globo, pedir a prisão de uma jornalista da Folha que noticiou que a investigação estava em curso, e não avisar a cúpula que pediria a prisão do petista Luis Eduardo Greenhalg.

É claro que, diante do que aconteceu, o delegado Queiroz será tratado pela mídia como herói, vítima e mártir da luta contra a impunidade dos ricos. A esta altura, diante da inconveniência de afastá-lo antes da conclusão do inquérito, não fará a menor diferença dizer que a investigação foi mal feita, que o relatório escrito por ele é insustentável (e é), que ele é mesmo um exibicionista e que cometeu tantos erros na apuração dos fatos que, em vez de prender, acabará por inocentar definitivamente Daniel Dantas.


Incompetência policial maior só se encontra na PM do Rio. Ontem, a polícia fardada do estado matou mais um inocente. O quarto em poucos dias.

Luis Carlos Soares da Costa, de 36 anos, voltava do trabalho dirigindo quando foi seqüestrado. O bandido pegou a direção do carro e manteve Luis Carlos no banco do carona. Quatro PMs desconfiaram quando o carro passou por eles, iniciaram uma perseguição e, diante da reação do seqüestrador, fuzilaram o veículo.

Luis Carlos, a vítima, morreu ao chegar ao hospital. O criminoso está hospitalizado ainda.

Os PMs achavam que os dois eram bandidos e por isso atiraram neles indiscriminadamente. Desta vez, o secretário de segurança, Mariano Beltrame, defendeu a ação dos policiais. O policial que criou o Bope diz que eles erraram e erraram muito.

O primeiro erro foi atirar num carro em movimento numa área urbana, Bonsucesso, pondo em risco a vida de inocentes. Depois, retiraram o bandido e a vítima do carro como se fossem sacos de batatas. Luis Carlos bateu com a cabeça no chão, quando ainda estava vivo, e a cena foi filmada pelo SBT. Um escândalo.

Vamos fazer um balanço dos inocentes que a PM matou nos últimos dias.

Ramon, um menino de 6 anos, em Realengo.
Daniel Duque, 18 anos, em Ipanema.
João Roberto, 3 anos, na Tijuca.
E agora Luis Carlos, 36 anos, em Bonsucesso.

Quem será o próximo?

Daqui a pouco a gente conversa sobre internet.



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