quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Uma nação 171

De Guido Cavalcante, leitor do blog:

Digam os "ólogos" o que disserem, há um fato corriqueiro por trás da rapinagem dos donativos para SC: a sensação muito brasileira de que o que é público "não tem dono", ou seja, o que está exposto é para todos se servirem. É uma maneira desavergonhada com que sistemáticamente nos saqueamos uns aos outros na maior cara-de-pau. Uma das saqueadoras mostradas no JN, edição 16/12, era uma típica dona-de-casa que, sem se desculpar, "pensou que podia pegar, porque lhe haviam dito que podia". Ela estava preocupada em ver como se justificar e não ficar mal-vista pelas colegas. Não duvido que seja perdoada, depois de alguns resmungos. Temos arraigado em nós a noção de que "não faz mal pegar uma coisinha" e escondê-la: herança cultural do método para sobrevivência durante a escravidão - a dissimulação. E também acontece com objetos privados, livros por exemplo: já notaram como ninguém devolve livro emprestado? E quando vc pede de volta, o outro é que fica "pau da vida". Uma típica inversão de valores em que nós, uma nação-171, somos muito hábeis.

2 comentários:

Guido Cavalcante disse...

Marona, sem querer ser chato, quero observar que meu nome de família é Cavalcante e não Cavalcanti. Isso porque o tabelião registrou erradamente o nome de meu pai e assim fiquei. No mais, obrigado pelo destaque.

O fato que redimiu toda a Nação, foi a devolução de $20 mil, que a filha de um desabrigado de SC encontrou escondido na manga de um casaco doado. Os pobrezinhos devolveram tudo. Ufa!

Anônimo disse...

Seu Mário, aqui perto de casa mora um ex-colega de jornal, foi ilustrador do JB e, acho, também do Globo. É um cara legal. Católico daqueles que perdem missa mas de repente aparecem na igreja para ajudar em obras físicas e sociais, quando o vigário presta. Embora nem seja religioso, até eu já contribuí, mandando um porrilhão de roupas, sapatos velhos etc. Há tempos não falo com ele, mas de vez em quando pinta uma campanha. Moro em Piratininga e ele no Cafubá, que é como se fosse parte de Piratininga. Classe média média (1), média baixa (2), pescadores (3) e o povão da favela (4). Adivinha quem coopera com 95% das doações? Acertou quem escolheu o item (4), disparado, seguido pelo item (3).

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