segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Senado troca de presidente para não mudar nada

José Sarney nunca teve medo de vencer por diferença pequena. Tinha medo de não vencer. Fez 49 votos contra 32 do candidato do PT e do PSDB, Tião Viana. O suficiente para assegurar mais dois anos de ribalta e poder político para a família.

Tião Viana, ao perceber que não tinha chances contra Sarney, passou a defender mudanças administrativas no Senado. Nunca passou por sua cabeça mudar coisa algumas.

Para os 81 senadores, do jeito que está, está bom demais. Diferentemente da Câmara, onde 513 deputados disputam espaço político suficiente para apenas um terço disto, no Senado ninguém fica ao relento.

Entre vencedores e vencidos nesta disputa pela presidência do Senado, só há ganhadores, entre os senadores e os funcionários da Casa. Os perdedores estão todos entre os eleitores e contribuintes, que continuarão pagando a conta deste clube de luxo - uma espécie de academia brasileira de letras de iletrados, só que com muito dinheiro.

Enquanto o líder do PSDB, Arthur Virgílio, explicava os 12 votos de sua bancada no candidato do PT e se apressava em avisar que Sarney pode contar com os tucanos para o que der e vier, atrás dele uma senadora cavucava cera do ouvido direito com a unha do dedo mindinho e em seguida examinava atentamente o resultado de sua prospecção.

Logo depois, já na mesa, Sarney tratava de agradecer o apoio "decisivo e de primeira hora" do senador Gim Argello, do PTB, protagonista de uma penca de processos criminais por grilagem, corrupção e envolvimento com o mensalão.

- Vossa Excelência foi um baluarte da minha candidatura, junto com o presidente Fernando Collor.

Já havia sido constrangedora a imagem de Renan Calheiros, ao lado de Sarney, no plenário, recebendo cumprimentos pelo seu trabalho de articulador da candidatura do senador maranhense.

Só há um consolo: ver Tião Viana derrotado por um outro candidato governista, não tem preço.

Um comentário:

Wemerson Santos disse...

A verdade foi dita no seu texto, realmente não a perdedores entre os senadores. Os verdadeiros perdedores são os eleitores "ingenuos e culpados".

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