quinta-feira, 19 de março de 2009

Duas vigarices na defesa do Senado

O Senado está aplicando duas vigarices nos jornalistas que cobrem os escândalos da Casa.

A primeira vigarice: impor a idéia de que o problema não é o pagamento de horas extras, mas o pagamento de horas extras que não tenham sido realmente feitas pelos servidores.

É cascata! Ninguém no Senado faz hora extra. Muito menos nos meses de recesso. Os servidores raramente precisam cumprir a jornada diária regular de trabalho. Não há situação em que alguém seja obrigado a trabalhar além do horário. E, se houver - numa viagem, por exemplo - este trabalho extraordinário pode ser recompensado com horas de folga, posteriormente.

A segunda vigarice: o anúncio, acolhido com naturalidade pelos jornais, de que os funcionários terceirizados serão substituidos por servidores concursados, como se isto representasse uma atitude moralizadora. O anúncio foi feito pelo primeiro secretário da Mesa, Heráclito Fortes, que tem se notabilizado pela defesa, ainda que dissimulada, dos privilégios da corporação.

É cascata! Substituir cada terceirizado por um concursado é agravar a baderna. O terceirizado, necessário ou não, pelo menos pode ser demitido, já que é regido pela CLT. O servidor concursado é estável. Sua demissão é quase impossível. (Mesmo que um concursado passe a mão no traseiro de uma senadora em plenário, será apenas submetido ao julgamento de uma comissão, que paga jeton aos seus integrantes para, num prazo cuidadosamente longo, apresentar sugestões sobre o destino do tarado, que provavelmente não sofrerá mais do que uma suspensão). A entrada de um concursado no lugar de cada terceirizado cria um problema insolúvel para o Senado. Incha ainda mais um quadro já absurdo. O Senado não precisa de mais servidores estáveis. Precisa de menos funcionários, estáveis ou não.

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