terça-feira, 5 de maio de 2009

Leonardo: uma avalanche de honestidade

Se eu fosse escrever sobre o segundo livro de Leornado Marona, diria, antes de mais nada, que há mais um livro honesto na praça.

Mas não vou escrever sobre o segundo livro do meu filho. Que o faça Antônio Abujamra, no texto abaixo.

Convido os eventuais leitores do blog ao coquetel de lançamento:
  • Sábado
  • Dia 9 de maio
  • no bar Bukowski
  • em Botafogo
  • na rua Álvaro Ramos, 270

O nome é coquetel, mas imagino que haverá bebida de macho e não apenas coisas docinhas.



AVALANCHE

Esse autor não é fanatizado pelo árduo trabalho que é o fazer poesia. (João Cabral colocava um verso na gaveta, deixava seis meses e depois o buscava para ver se ainda servia para o poema inteiro).

Esse autor não é fanatizado por escrever biografias autorizadas ou não-autorizadas (conhecer os outros é quase impossível).

Esse autor é uma avalanche de vida toda fecundante de um estranho conhecimento de autores, atores, poetas, putas, números, literatura brasileira, portuguesa, européia profunda – enfim, nos deixa ao lê-lo com uma irrespirável vontade de fugir dos Gôngoras da inteligência.

Quer falar de tudo, sobre tudo, quer que Ezra Pound se foda, odeia os assassinos de Maiakovski, passa por Rilke como se as Elegias de Duíno fosse o livro mais popular do mundo – sobe em cima de Rita Hayworth, quer Neruda e sua poesia no poder, be be Bukowski, esbofeteia Ulisses, não se preocupa com seus bagos sujos e mais mil coisas que o levam a escrever, escrever, escrever.

Essa avalanche tem uma honestidade de cristal como um Kierkegaard, seus poemas apaixonados e ao mesmo tempo distanciados brechtianamente fazem da leitura um prazer que deixa nossas diametrais vivências querendo saber onde vai chegar.

E isso é o que menos importa, pois quer ler Nietzsche e influir em seus escritos, quer ser Unamuno para ser Reitor da Universidade de Salamanca e enfrentar os fascistas de Franco achando que estão ainda ao nosso lado.
E estão.
É uma avalanche para lermos, e sobra ao poeta a clarividência e a fidelidade de suas idéias, cambiantes ou não, e leva esse livro com sua avançada juventude, para ele ter uma relevância central em sua vida.

Tem que escrever, mais, mais, mais e, de repente, escrever menos, menos, menos.

Essa é a engrenagem para a mecânica dos poemas entrarem em seus nervos e carne, palpitação, catedral de ânsia e beleza.
Antônio Abujamra

4 comentários:

Leo Lagden disse...

Vc andava sumido...estava sentindo falta dos seus posts.
Legal saber do lançamento do novo livro do Leonardo (xará).
Se der, darei um pulo lá!
Abraços

mrmarona disse...

Também estava sentindo falta dos meus 11 leitores.
Mas estou trabalhando, coisa rara na minha fase atual. Até que me acostume de novo ao fato, o blog ficará prejudicado.

CFagundes disse...

Já tamo lá.
Abraço.

José Sergio Rocha disse...

... aproveita e corrige o nome do teu próprio filho, que está incorretamente grafado como Leornado. Abraços e avise quando será a próxima ida ao Casual Retrô.

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