Chamar José Sarney de corrupto, acusá-lo de último coronel, afirmar que ele é a vanguarda do atraso?
Ninguém precisa digitar a URL deste blog para saber o que todo mundo sabe e diz de Sarney há quase 30 anos.
Entre lá no Google, escreva a palavra Sarney e veja: as primeiras 510 páginas são contra o senador maranhense.
Ficamos, então, conversados: este blog também não gosta de Sarney e só torceu por ele na eleição para a presidência do Senado porque a alternativa era pior. Tião Viana é um futuro Sarney, mais perigoso porque jovem, cheio de gás e tão amado pelos coleguinhas jornalistas quanto o velho coronel.
E, talvez, com Tião Viana na presidência, nada do que sabemos hoje teria vindo a público.
Tião Viana é um Sarney sonso.
Este blog gosta de novidades e imagina que alguns leitores tenham o mesmo tipo de desejo. Por esta razão, tem se esforçado para ler nos jornais as notícias sobre as falcatruas em que se meteu o líder tucano Arthur Virgílio, ele também um protegido do esquema mafioso de Agaciel Maia, ex-(ou ainda não?)-diretor-geral do Senado.
Mas é difícil encontrar notícias sobre a enrascada de Arthur Virgílio. Flagrado com a boca na botija, certamente por causa de algum vazamento maldoso - é assim que as coisas funcionam por lá - o senador amazonense fingiu-se de indignado, encheu-se de brios, e partiu para grosseiras acusações contra tudo e contra todos.
Em discurso de três horas, como vestal chocada e ofendida com tanta pouca vergonha, chamou Agaciel de chantagista e caluniador e agora quer porque quer a cabeça de Sarney numa bandeja.
Resolveu fazer oposição.
Aos fatos.
Arthur Virgílio foi beneficiado por pelo menos cinco ou seis mamatas da gestão Agaciel, a saber:
1. Estava passeando com a mulher em Paris, seu cartão de crédito foi bloqueado e Agaciel, aqui do Brasil, pagou a conta, de 10 mil dólares.
2. Sua mãe precisou de um tratamento médico sofisticado e o Senado pagou todas as despesas, de R$ 723 mil, embora ela não fosse dependente de Arthur no plano de saúde da Casa.
3. Empregou no Senado os três filhos, a mulher e a irmã do seu chefe de gabinete.
4. A irmã do chefe do gabinete de Arthur foi contratada por um daqueles escandalosos atos secretos, com salário de mais de R$ 7 mil.
5. Um dos filhos do chefe de gabinete de Arthur ganhava R$ 10 mil como funcionário do Senado, mas nunca trabalhou, e nem podia, porque morava na Espanha, onde estudava.
6. Há uma história ainda não explicada sobre o emprego que Arthur teria dado no Senado ao seu professor de jiu-jitsu, que vive no Amazonas.
Que jornal publicou as denúncias que desmoralizam qualquer acusação de Arthur Virgílio a quem quer que seja, se o assunto for ética e moralidade?
Nenhum.
O único que o fez, o Estadão, deu à notícia um enfoque oposto ao verdadeiro. Retratou um Arthur Virgílio tomado de ira santa contra tanta indignidade (dos outros, claro). Exibiu-o em posição de ataque e fez rápidas e confusas referências às acusações, tratadas apenas como chantagens.
O que faz lembrar a história contada por Sebastião Nery no seu livro sobre folclore político:
Um secretário de Estado do Rio Grande do Sul, das fileiras do glorioso e puro PL, foi acusado de avançar a mão nos dinheiros públicos.
Décio Martins da Costa, presidente do diretório estadual do PL, organizou uma comissão de sindicância interna. Apurado tudo, reuniu a direção regional:
- Companheiros, nosso companheiro foi violentamente caluniado. Fizemos a sindicância. E o pior é que a calúnia é verdadeira!
O caluniado foi expulso. Do governo e do partido.
Um comentário:
O URL. Uniform Resource Locator. Em português: localizador de recursos universal.
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