quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Folha dá um furo em off e denuncia o off como danoso ao país

Desde que seja verdade, a jornalista Eliane Cantanhêde deu um furo, hoje, com a notícia de que o presidente Lula e o ministro Nelson Jobim decidiram que o Brasil vai mesmo comprar os jatos franceses para equipar a FAB. Bateram o martelo depois que a fábrica francesa aceitou baixar o preço em 2 bilhões de dólares.


Matéria totalmente em off, é claro, que ninguém é louco de assumir tal declaração, nem mesmo o exibido Jobim. 


Mas o que fez Eliane Cantanhêde logo depois de concluir o texto da reportagem? Voltou ao computador e produziu um artigo em que ataca o governo por ter vazado informação tão importante justamente no dia em que o Brasil está recebendo o novo embaixador dos Estados Unidos, país que produz um dos jatos que disputam a preferência brasileira.


Isto é inédito no jornalismo tupiniquim.


Acompanhem:


1. A repórter obtém informações em off e publica um furo de reportagem.


2. A mesma repórter, agora colunista, critica a informação em off como prejudicial aos interesses do país.


Os textos da FOLHA:


Dassault diminui preço, e Lula escolhe caça francês
Valor do pacote de 36 caças cai quase R$ 4 bi, e governo bate o martelo pelo Rafale

Mesmo com redução, avião fabricado pela França custará quase 40% a mais do que o concorrente mais barato, o sueco Gripen 


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Nelson Jobim (Defesa) bateram o martelo a favor do caça francês Rafale. A decisão foi tomada depois que a fabricante, Dassault, reduziu de US$ 8,2 bilhões (R$ 15,1 bilhões) para US$ 6,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) o preço final do pacote de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira.
Mesmo com a redução, os caças franceses têm preço muito superior ao dos concorrentes. Conforme a Folha apurou, a proposta do modelo Gripen NG, da sueca Saab, foi de US$ 4,5 bilhões, e a dos F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, de US$ 5,7 bilhões.
Além do custo do pacote, que inclui avião, armas, logística e custo de transferência tecnológica, a Dassault estimou que a manutenção dos aviões por 30 anos custará US$ 4 bilhões.
Os valores foram revistos após o presidente Lula anunciar antecipadamente a vitória do Rafale, em setembro. O preço unitário, sempre uma estimativa, era então menor para todos os concorrentes porque o pacote não previa vantagens incluídas na renegociação -como o custo de a Embraer fabricar o caça futuramente.
(...)


 
Trombada no ar

Eliane Cantanhêde

BRASÍLIA - Não poderia haver um "timing" pior para a notícia sobre a compra dos caças franceses do que hoje, quando Lula recebe as credenciais, nada mais, nada menos, do que do novo embaixador americano, o tão esperado Thomas Shannon. O EUA concorrem, ou concorriam, com o F-18.
Foi por isso que Lula e Jobim se reuniram na terça-feira, decidiram a favor dos Rafale e acertaram o discurso e as argumentações necessárias para a hora da divulgação oficial, mas ficaram de bico calado.
A decisão pró-Rafale vem de muito tempo, um ano ou mais, e já tinha ficado de péssimo tom anunciá-la no 7 de Setembro, deixando os pilotos da comissão técnica e os concorrentes dos EUA e da Suécia com cara de trouxas. Tanto que o governo deu meia volta, volver.
Agora, a coisa se repete, mas nos bastidores. Depois do vexame, depois dos muitos meses de trabalho da comissão e das investidas dos concorrentes, só faltava mesmo essa: Lula e Jobim decidirem e a má notícia vazar para os americanos justamente na hora da festa de chegada do embaixador.
Bem, mas nós daqui e você daí já sabemos como se resolvem, ou se tentam resolver, essas coisas: jogando a culpa na imprensa. Lula e Jobim vão ficar roucos de tanto negar, mas a verdade tarda, mas não falha. Então é só aguardar.
Até lá, Jobim, estará colocando seu talento de advogado, parlamentar e constituinte, ministro pela segunda vez e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) a serviço de uma peça política. Uma peça para explicar por que, afinal, brigadeiros e coronéis da FAB e entendidos da Embraer preferiram o pacote sueco, que além de tudo é o mais barato, mas os políticos optaram pelo francês, além de tudo o mais caro dos três.
Quando houver clima para o anúncio oficial, a expectativa é a de que boa parte da opinião pública receba com ironia: "Não precisa explicar, eu só queria entender". 

3 comentários:

Guido Cavalcante disse...

A Índia está comprando nada menos que 126 Rafale por US$ 10 bilhões, sendo que 108 serão produzidos na Hindustan Aeronautics no próprio país, com programa de transferência de tecnologia.
Os Emirados Árabes, por sua vez, estão comprando 60 Rafale, num negócio estimado entre US$ 8 a US$ 11 bilhões.

Enquanto que o Brasil está pagando 6,2 bi por 36 Rafales. Como a manutenção do avião francês é altíssima segundo os especialistas, vai ser uma força aérea de angar. É a nossa estratégia de política externa ou seja, nós que nos julgamos muito espertalhões, na verdade somos uns otários. Foi a mesma coia com o submarino atômico - compramos um só. Ora qualquer almirante de meia-tijela sabe que para fazer uma classe operacional, são necessários pelo menos três navios.

Luis disse...

Pior é que se trata de uma falsa questão. Até o soldado raso da FAB sabe da supremacia dos Rafale em relação aos seus concorrentes: os EUA sequer entregam as armas para aparelhar as aeronaves, enquanto que o Gripem é um 'frankstein', motor de um fabricante, asas de outros etc.
O PiG e os reacinários enxergam 'pelo em ovo' para prejudicar o governo Lula.
Sobre a informação postada pelo leito acima (Guido), certamente se trata de um desses detratores do governo, pois não tem conhecimento do que diz. O Brasil NÃO comprou nenhum submarino neclear, compramos um submarino francês que pode abrigar um reator nuclear, que está sendo desenvolvido pela Marinha.
Por fim, parabéns pelo Blog.
Luis - Taquaritinga/SP

Luis disse...

Pior é que se trata de uma falsa questão. Até o soldado raso da FAB sabe da supremacia dos Rafale em relação aos seus concorrentes: os EUA sequer entregam as armas para aparelhar as aeronaves, enquanto que o Gripem é um 'frankstein', motor de um fabricante, asas de outros etc.
O PiG e os reacinários enxergam 'pelo em ovo' para prejudicar o governo Lula.
Sobre a informação postada pelo leito acima (Guido), certamente se trata de um desses detratores do governo, pois não tem conhecimento do que diz. O Brasil NÃO comprou nenhum submarino neclear, compramos um submarino francês que pode abrigar um reator nuclear, que está sendo desenvolvido pela Marinha.
Por fim, parabéns pelo Blog.
Luis - Taquaritinga/SP

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