No início da noite de quarta-feira, especulava-se em Brasília que o jantar que havia sido marcado entre Serra e Aécio Neves para uma nota tentativa de entendimento entre eles, teria sido cancelado abruptamente por absoluta impossibilidade de uma conversa amena e politicamente proveitosa, pelo menos agora.
Serra também estaria em dúvida sobre seu comparecimento, hoje, na inauguração do centro administrativo Tancredo Neves, em Belo Horizonte.
O que afastou os dois líderes tucanos no momento em que toda a oposição e a maior parte da imprensa conclama-os a um acordo?
Antes de mais nada, a truculência do PSDB de São Paulo, Serra à frente. O tucanato paulista não fala a mesma língua de seus companheiros de outros estados. Muito especialmente, não fala a mesma língua dos politicos mineiros - tucanos ou não.
Serra acreditou que, através da imprensa, poderia submeter Aécio à posição de vice em sua chapa, sem perceber que Minas entenderia isto como uma humilhação.
O editorial do Estado de Minas, publicado nesta quarta-feira, deixa muito claro:
Minas a reboque, não!
Indignação. É com esse sentimento que os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves. Pior. Fazem parecer obrigação do líder mineiro, a quem há pouco negaram espaço e voz, cumprir papel secundário, apenas para injetar ânimo e simpatia à chapa que insistem ser liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, competente e líder das pesquisas de intenção de votos até então.
Atarantados com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, percebem agora os comandantes do PSDB, maior partido de oposição, pelo menos dois erros que a experiência dos mineiros pretendeu evitar. Deveriam ter mantido acesa, embora educada e democrática, a disputa interna, como proposto por Aécio. Já que essa estratégia foi rejeitada, que pelo menos colocassem na rua a candidatura de Serra e dessem a ela capacidade de aglutinar outras forças políticas, como fez o Palácio do Planalto com a sua escolhida, muito antes de o PT confirmar a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na política, a hesitação cobra caro, mais ainda numa disputa que promete ser das mais difíceis. Não há como negar que a postura vacilante do próprio candidato, até hoje não lançado, de atrair aliados tem adubado a ascensão da pouco conhecida candidata oficial. O que é inaceitável é que o comando tucano e outras lideranças da oposição queiram pagar esse preço com o sacrifício da trajetória de Aécio Neves. Assim como não será justo tributar-lhe culpa em caso de derrota de uma chapa em que terá sido apenas vice, também incomoda os mineiros uma pergunta à arrogância: se o mais bem avaliado entre os governadores da última safra de gestores públicos é capaz de vitaminar uma chapa insossa e em queda livre, por que Aécio não é o candidato a presidente?
Perplexos ante mais essa demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade, os mineiros estão, porém, seguros de que o governador “político de alta linhagem de Minas” vai rejeitar papel subalterno que lhe oferecem. Ele sabe que, a reboque das composições que a mantiveram fora do poder central nos últimos 16 anos, Minas desta vez precisa dizer não.
ATUALIZAÇÃO: segundo O Globo, o jantar de ontem foi cancelado porque tornou-se desnecessário, uma vez que Aécio e Serra se encontraram na madrugada do dia anterior e, apesar da conversa amistosa que mantiveram, não chegaram a um acordo.
ATUALIZAÇÃO: segundo O Globo, o jantar de ontem foi cancelado porque tornou-se desnecessário, uma vez que Aécio e Serra se encontraram na madrugada do dia anterior e, apesar da conversa amistosa que mantiveram, não chegaram a um acordo.
3 comentários:
rolou tb esta semana aquele inacreditável site, montado pelo PPS, que juntava assinaturas em prol da chapa Serra-Aécio, lembra?
eu nao entendo mais nada - se os caras naos conseguem se convencer conversando, seja num jantar numa reuniao ou no MSN, baseado em que o pessoal acha que pode convencer alguém por recadinhos e recadões pelas imprensa, abaixo-assinado e afins?
"empurrado eu não vou"
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