Apenas para preservar o mandato e, assim, escapar de uma
prisão que poderia ser provável, se o STF fosse sério, a renúncia de Eduardo
Cunha ao cargo de presidente da Câmara pulveriza de forma definitiva qualquer
aparência de legalidade do impeachment que, ainda assim, está prestes a
derrubar definitivamente uma presidenta eleita contra a qual não existe uma
única acusação de desonestidade, dolo ou má-fé.
Eduardo Cunha continuará sendo “apenas” o deputado que
protagonizou o maior estrago já cometido contra a democracia brasileira a
partir do parlamento: criou uma bancada leal de 200 deputados venais e subornáveis,
chancelou irrecuperáveis retrocessos políticos e sociais, comandou pessoalmente
um esquema de extorsão de dinheiro de empresários e grupos lobistas, bombardeou,
junto com o PSDB e o DEM, todas as tentativas do governo de aprovar medidas que
ajudassem o país a sair da crise econômica, derrubou a presidente da República
eleita, e colocou no seu lugar um fiel comparsa, comprometido até o último fio
de cabelo com o seu esquema mafioso.
Não há nada que a ironia permita dizer além de: “parabéns
aos envolvidos, parabéns à imprensa, parabéns ao Judiciário, parabéns aos
políticos que, embora não sejam capangas diretos de Eduardo Cunha, a ele
venderam suas almas para que a baderna vencesse.
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